quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Poema do Ano Novo (Poema del Año Nuevo)- de Isabel Furini

POEMA DO ANO NOVO

O mar pode ter maravilhosos portos
pensam os seres humanos.

E chega o Ano Novo -
todos esperamos
que traga muitos presentes
entre suas doze mãos.

Comendadora Isabel Furini

***
POEMA DEL AÑO NUEVO

El mar puede tener maravillosos puertos
piensan los seres humanos.

Y llega el año nuevo -
y todos esperamos
que traiga muchos presentes
entre sus doce manos.

Comendadora Isabel Furini


Óleo sobre tela de Carlos Zemek




Borboletas (des) coloridas - poema de Isabel Furini

BORBOLETAS (DES) COLORIDAS

observo uma fotografia
do quadro das borboletas de Dalí
lembro-me das borboletas sem sonhos
isolada na paisagem descolorida da globalização
(pessoas esquecidas - sem sonhos e sem amor)

Isabel Furini

Quadro de Salvador Dalí


quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Feira Cultural da ALUBRA



Em 15 e 16 de Julho/2016, acontecerá em Araraquara/SP, a Feira cultural de livros e arte. Nesse evento a presidente da ALUBRA (Academia Luminiscência Brasileira, jornalista, escritora e poeta Comendadora Michelle Zanin autografará seu livro "METÁFORAS".

As poetas ISABEL FURINI E NEYD MONTINGELLI receberão a honraria “Acadêmica de Destaque”, outorgada por essa Academia a seus membros mais atuantes, em comemoração aos 02 anos desta Instituição. A entrega do certificado será realizada em 16 de julho de 2016, pela presidente da ALUBRA, Comendadora Michelle Zanin.

Informação enviada por Wanda Gileno, secretária executiva da ALUBRA.


Isabel Furini
Neyd Montingelli





segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

A linguagem dos bichos - poema infantil de Isabel Furini

O ganso grasna,
Gansos do Parque de Bacacheri
Fotografia de Van Zimerman

a galinha cacareja,
o macaco guincha,
o pássaro gorjeia,
o gato mia,
o bode berra,
o dromedário blatera,
e quando eu fico zangado
rujo tão forte quanto uma pantera.


Poema de Isabel Furini, escritora e poeta, autora da coleção "Corujinha e os filósofos", da editora Bolsa Nacional do Livro, Curitiba.

Escritor Guloseima (Miniconto)


Escreveu um conto. Açucarado. Outro. Muito mel.  Mais um.  Publicou-o. Foi triturado pela crítica. Apelidaram-no Escritor Guloseima. Deprimido pulou pela janela. A esposa o viu caindo. Sorte que moramos no térreo, pensou.

Isabel Furini

Comendadora Isabel Furini é poeta e escritora.
e-mail: isabelfurini@hotmail.com

Poemas de Abilio Pacheco

Dois poemas do professor, escritor e poeta Abilio Pacheco:





Poema concreto de Abilio Pacheco





Abilio Pacheco é professor de Literatura Brasileira da Universidade Federal do Pará – Campus de
Bragança. Trabalhou por 5 anos no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA (antes Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFETPa), onde ajudou a instalar o curso de Licenciatura em Letras e fui coordenador do mesmo. Atualmente é líder (juntamente coma Professora Dra Tânia Sarmento-Pantoja) do grupo de pesquisa Estudos sobre Narrativa de Resistência – NARRARES.

Abílio tem mestrado em Letras – Estudos Literários pela UFPa,  Graduação em Letras pela UFPa – Campus de Marabá e curso técnico de Magistério pela Escola Estadual Dr. Gaspar Vianna (Marabá). Atualmente está cursando o Doutorado em Teoria e História Literária na UNICAMP.

Ele tem um livro de poemas publicado: ‘mosaico primevo‘ (2008) e outro em formato semi-artesanal: ‘poemia’ (1998). Alguns poemas e contos foram publicados em sites, blogs, revistas virtuais, livros e antologias.

sábado, 26 de dezembro de 2015

Poema: Uma Xilogravura para Arte Postal - Maria Antonieta Gonzaga Teixeira




Poema: Uma Xilogravura para Arte Postal 

Do seio doce e generoso da terra 
As árvores crescem, dão abrigo 
Verdadeira obra de arte. 
Ao esplendor da natureza - bendigo.

Seus veios conduzem a seiva 
O néctar para viver. 
São desenhos, linhas geométricas 
São caminhos difíceis de entender. 

Da madeira à criação um processo: 
Escolher a madeira e goivas na mão 
Trabalhar seguindo linhas e contornos 
Esculpi-la e fazer a impressão. 

Madeira transformada em arte 
Que pode ser arte postal 
Vai para exposição em Comodoro Rivadávia 
Fazer parte da arte internacional. 

Poema e imagem de Maria Antonieta Gonzaga Teixeira 

Gralha-Azul - poema de Van Zimerman

Gralha-Azul - Aquarela de Van Zimerman


GRALHA - AZUL Ao ouvir o canto da Gralha-azul




A floresta silencia-se,
Pinheiros e lendas aquarelam-se 
Com os tons das cores do pássaro 
E assim, em todo fim de tarde, 
A esperança renasce, 
O ciclo da Vida encanta 
E continua...

VAN ZIMERMEN 

*** 

Nome científico da Gralha-Azul: Cyanocorax caeruleus

A aquarela Gralha-Azul de Van Zimerman participa da mostra de Arte Postal organizadas pelas artistas plásticas e professoras Claudia Agustí e Ilia Ruiz em Comodoro Rivadavia, Patagônia Argentina. O coordenador dos trabalhos no Brasil é o artista plástico e curador Carlos Zemek. Ele convidou as artistas: Van Zimerman, Celia Dunker, Celia Rosa e Ivani Silva de Curitiba/PR, e a artista Maria Antonieta Gonzaga Teixeira da cidade de Castro/PR.

O Pequeno Girassol - Poema Infantil de Isabel Furini



Era um pequeno Girassol,
que não usava guarda-sol
porque gostava do Sol.

Ele rugia como um Leão:
- Eu não gosto de chuva, não!
- Mas a chuva é necessária.
Disse uma linda canária.

- A chuva molha as plantas,
alimenta as raízes,
e não deixa secar os rios.

- A chuva canta e encanta,
pois faz bem as plantações.
Olhe os agriões
murchando sob o forte Sol!

E Girassol entendeu
que a natureza é generosa
e deve proteger a todos:
girassóis e agriões.

Isabel Furini é escritora e poeta premiada - e-mail: isabelfurini@hotmail.com

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Noite de Poesia no WNB de Curitiba

O Wonka Bar de Curitiba está localizado no bairro histórico de São Francisco, rua Trajano Reis, 326, e abriga o projeto literário Vox Urbis. Uma das atividades desse projeto é realizar saraus literários com declamação de poemas e música, sob a curadoria do poeta Ricardo Pozzo, quem é autor do livro de poemas "Alvéolos de Petit Pavê", da editora Patuá.

Germano Quaresma, também conhecido como Manoel Herzog, terceiro lugar no Jabuti 2015 de poesia, foi convidado e falou um pouco sobre sua trajetória no Porão mais literário do Sul do Brasil junto com Carlos Careqa, ator, produtor e músico de MPB, e Paulo Eduardo Gonçalves, que lançou "O Livro Negro da Poesia".

Também estiveram presentes poetas, artistas plásticos, músicos e outros.

Ricardo Pozzo
Manoel Herzog
Vera Albuquerque
Poeta Jandira Zanchi


Poetas Isabel Furini e Jandira Zanchi

Noite literária

Poeta Bárbara Lia

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Obra de Ivani Silva participa de mostra de Arte Postal na Patagônia

Essa bela obra é da artista plástica Ivani Silva, e participa da mostra de Arte Postal na Patagônia, Argentina.
Obra de Ivani Silva

Poema:

CORES DAS LEMBRANÇAS

Muitas lembranças
tingiram minha vida,
deixaram dores e alegrias
e também vestígios
de sabedoria.

Transformados
em cores cativantes
(os condicionamentos
e os códigos genéticos)
revelam o passado distante.

Poema de Isabel Furini​

Casamento e Emoção (Poema de Isabel Furini)




 CASAMENTO E EMOÇÃO

A marcha nupcial de Mendelsshon,
- cada acorde, cada som,
expande-se pela igreja
e faz vibrar o coração.

É o vestido, as flores, o anel,
as promessas de amor.
São os olhares dos noivos,
de alegria e emoção.

E aquelas fotografias
(essas que a noiva amou),
dois anos depois com raiva
ela queimou no fogão.

Cadê o amor e a emoção???

Isabel Furini é escritora e poeta - e-mail: isabelfurini@hotmail.com


segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

NATAL - Poema de Maria Antonieta Gonzaga Teixeira

Quadro de Maria Antonieta Gonzaga Teixeira





Poema: Natal

Natal!
É encontro de amigos
Para festejar o Papai Noel
Dos sonhos das crianças.
Encontro dos entes queridos
Que ficaram nas lembranças.


Natal!
Natal é celebrar a vida
Vida plena e cheia de luz
Do doce menino de Belém
O nazareno chamado Jesus.


Maria Antonieta Gonzaga Teixeira
Castro, 20/12/2015.


Maria Antonieta Gonzaga Teixeira

domingo, 20 de dezembro de 2015

ORAÇÃO DO LÍDER ( por Isabel Furini)

Fragmentos da Oração do Líder

Ajuda-me, Senhor, a cultivar pensamentos positivos e a tomar atitudes corretas. A servir sem orgulho, a progredir sem esmagar  ninguém. A percorrer um caminho limpo.

Orienta-me na solidão e ensina-me a gostar do silêncio.
Quadro: Óleo sobre tela de Carlos Zemek

Liberta-me do desejo   de querer aparecer, sobressair-me, de estar sempre no primeiro lugar, de querer dizer sempre a palavra especial ou pretender ser o dono da verdade.

Da-me, Senhor, só algumas gotas de sabedoria de teu manancial infinito para poder compreender e reger minha vida pela justiça.

Ajuda-me a ter um coração generoso, um coração otimista, um coração puro. (...)

Isabel Furini

Fragmentos da Oração do Líder do livro "Liderança com Sucesso" de Isabel Furini.

sábado, 19 de dezembro de 2015

O Arco e a Lira - Fragmentos do livro de OCTAVIO PAZ


Há máquinas de rimar, mas não de poetizar. Por outro lado, há poesia sem poemas; paisagens, pessoas e fatos podem ser poéticos: são poesia sem ser poemas. Pois bem, quando a poesia acontece como uma condensação do acaso ou é uma cristalização de poderes e circunstâncias alheios à vontade criadora do poeta, estamos diante poético. Quando - passivo ou ativo, acordado ou sonâmbulo - o poeta é o fio condutor e transformador da corrente poética, estamos na presença de algo radicalmente distinto: uma obra. Um poema é uma obra. A poesia se polariza, se congrega e se isola num produto humano: quadro, canção, tragédia. O poético é poesia em estado amorfo; o poema é criação, poesia que se ergue. Só no poema a poesia se recolhe e se revela plenamente. É lícito perguntar ao poema pelo ser da poesia, se deixamos de concebê-lo como uma forma capaz de se encher com qualquer conteúdo. O poema não é uma forma literária, mas o lugar do encontro entre a poesia e o homem. O poema é um organismo verbal que contém, suscita ou omite poesia. Forma e substância são a mesma coisa.

Mal desviamos os olhos do poético para fixá-los no poema aparece-nos a multiplicidade de formas que assume esse ser que pensávamos único. Como nos apoderarmos da poesia se cada poema se
Fotografia de Isabel Furini
mostra como algo diferente e irredutível? A ciência da literatura pretende reduzir a gêneros a vertiginosa pluralidade do poema. Por sua própria natureza, a pretensão padece de uma dupla insuficiência. Se reduzirmos a poesia a umas tantas formas - épicas, líricas, dramáticas -, o que faremos com os romances, os poemas em prosa e esses livros estranhos que se chamam Aurélia,Os cantos de Maldoror ou Nadja? Se aceitarmos todas as exceções e as formas intermediárias - decadentes, incultas ou proféticas -, a classificação se converterá num catálogo infinito.

Enquanto o poema se apresenta como uma ordem fechada, a prosa tende a se manifestar como uma construção aberta e linear. Valéry comparou a prosa com a marcha e a poesia com a dança. Narrativa ou discurso, história ou demonstração, a prosa é um desfile, uma verdadeira teoria de ideias ou fatos. A figura geométrica que simboliza a prosa é a linha: reta, sinuosa, espiralada, ziguezagueante, mas sempre para diante e com uma meta precisa. Daí que os arquétipos da prosa sejam o discurso e a narrativa, a especulação e a história. O poema, pelo contrário, apresenta-se como um círculo ou uma esfera - algo que se fecha sobre si mesmo, universo auto-suficiente no qual o fim é também um princípio que volta, se repete e se recria. E essa constante repetição e recriação não é senão o ritmo, maré que vai e que vem, que cai e se levanta. O caráter artificial da prosa se comprova cada vez que o prosador se abandona ao fluir do idioma. Tão logo se volta sobre seus passos, à maneira do poeta ou do músico, e se deixa seduzir pelas forças de atração e repulsa do idioma, viola as leis do pensamento racional e penetra no âmbito de ecos e correspondências do poema. Foi isso que ocorreu com boa parte do romance contemporâneo. O mesmo se pode afirmar de certos romances orientais, como Os contos de Genji, da Senhora Murasaki, ou o célebre romance chinês O sonho do aposento vermelho. A primeira lembra Proust, o autor que mais longe levou a ambiguidade do romance.

O ritmo é inseparável da frase, não é composto só de palavras soltas nem é só medida e quantidade silábica, acentos e pausas: é imagem e sentido. Ritmo, imagem e significado apresentam-se simultaneamente numa unidade indivisível e compacta: a frase poética, o verso. O metro, pelo contrário, é medida abstrata e independente da imagem. A única exigência do metro é que cada verso tenha as sílabas e os acentos requeridos. Tudo pode ser dito em hendecassílabos: uma fórmula de matemática, uma receita culinária, o cerco de Troia e uma sucessão de palavras desconexas. Pode-se inclusive prescindir da palavra; basta uma fileira de sílabas ou letras. Em si mesmo, o metro é medida vazia de sentido. O ritmo, pelo contrário, jamais se apresenta sozinho; não é medida mas conteúdo qualitativo e concreto. O metro nasce do ritmo e a ele retorna. No princípio, as fronteiras entre um e outro são confusas. Posteriormente, o metro se cristaliza em formas fixas. Instante de esplendor, mas também de paralisia. Isolado do fluxo e do refluxo da linguagem, o verso se transforma em medida sonora. Ao momento de acordo segue-se outro de imobilidade; depois, sobrevém a discórdia e no seio do poema se estabelece uma luta: a medida oprime a imagem ou esta rompe o cárcere e regressa à fala a fim de se recriar em novos ritmos. O metro é medida que tende a se separar da linguagem; o ritmo jamais se separa da fala porque é a própria fala. O metro é procedimento, maneira; o ritmo é temporalidade concreta. (...)

Octavio Paz - (1914 -1998) México. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1990.

O Livro Mágico de Joãozinho - Conto Infantil

O LIVRO MÁGICO DO JOÃOZINHO
Conto de Isabel Furini
Recomendável: A partir de 6 anos.

Tudo aconteceu no mês de outubro, quando Joãozinho recebeu um livro de presente. Era um livro encantador. Uma aventura incrível. O livro era tão, mas tão bom, que Joãozinho não conseguiu sair dele. Conseguiu fechar o livro, sim, mas permaneceu preso nas páginas. Nos dias seguintes sentiu-se estranho. Enquanto uma parte dele ia para a escola, brincava com os amigos, jogava futebol, a outra parte... estava no livro. Só pensava nas aventuras, só queria conhecer a terra das bruxas das vassouras vermelhas, enfim, era muito estranho mesmo.

Para entender o segredo, Joãozinho decidiu que era o momento de uma releitura. Na tarde de sábado abriu o livro e novamente ficou encantado. Perdeu-se no caminho das bruxas, e de repente, escutou o chamado de sua mãe. Tentou ir, mas não conseguiu sair do livro.

Hahaha! A bruxa de cabelo roxo, montada numa vassoura de palha vermelha, riu. Agora você é meu! Hahaha! Joãozinho escutou a porta abrir. Mamãe, mamãe – gritou. Sua mãe olhou, só viu o livro sobre a cama, fechou a porta e continuou chamando o filho.

A bruxa Ernestina perseguiu Joãozinho por tantos lugares! O menino se escondeu em um guarda-chuva, e a bruxa bateu apontou com sua varinha. Plimmm plummm, o guarda-chuva quebrou. O menino correu e se escondeu num armário, mas a bruxa encostou sua varinha e, ploct, ploct, as portas do armário se abriram. O menino ficou prisioneiro nesse mundo paralelo. Ele só queria voltar para casa, mas a bruxa não o deixava. Pobre do menino! Tinha que varrer o chão, lavar as xícaras de chá, os pratos e os cinzeiros, porque a bruxa fumava até três cigarros ao mesmo tempo. Colocava um cigarro no canto direito da boca, outro no lado esquerdo e outro ainda no centro da boca. Jogava toda a cinza no chão! Joãozinho era obrigado a limpar o tapete da sala. Nesse lugar não havia onde brincar, não! Nem havia com quem brincar. A bruxa morava sozinha. Bom, morava com um corvo, mas esse bicho não era muito simpático.

Esse corvo não gosta de mim – pensava Joãozinho.

Até que um dia a bruxa solicitou, iriam até a cidade para comprar mantimentos. Joãozinho ficou no assento de trás do carro pensando, pensando. Quando chegaram ao mercado, enquanto a bruxa comprava repolhos, Joãozinho fugiu e foi até a prateleira de livros que estava bem ao lado das estantes de cadernos. Abriu um livro e fugiu para uma história muito simpática de uma vovó que molhava as plantas, então um vento forte sacudiu o livro... Nesse vento Joãozinho viu a bruxa. Ela levantou a sua varinha, falou algumas palavras mágicas e o menino voltou para a floresta.

Ele tinha que trabalhar no casarão velho e úmido e, como castigo, era fechado no sótão toda noite. Ele escutava a chave. A bruxa Ernestina girava duas vezes na fechadura. Joãozinho tinha medo e não conseguia nem dormir direito. Quando ele olhava para fora da pequena janela só via o bosque. Uma vez viu o corvo espiando-o. Joãozinho começou a chorar. O corvo se aproximou da janela e bateu com as asas. Joãozinho, esfregando os olhos, foi até a janela e abriu.

– Tadinho! Você deveria estar brincando, não trabalhando... Não tem idade para trabalhar ainda – disse o Corvo.

Joãozinho sorriu, por fim podia falar com alguém, ainda que fosse um bicho.

– Eu brincava muito quando vivia na minha casa, lá num bairro da cidade de São Paulo.

– A bruxa foi até lá e te sequestrou?

– Sequestrar?

– Sim, te trouxe à força, você não queria e ela te obrigou...

– Não, não. Na realidade foi um livro que me sequestrou.

– Um livro?

Joãozinho contou o acontecido para o corvo e o bicho, muito esperto, disse que havia uma solução e murmurou algo no ouvido do garoto.

Uma semana depois quando novamente foram ao único mercado do povoado onde vendiam de tudo, de lápis a tapetes, de repolhos a lâmpadas, muitos e muitos produtos, Joãozinho esperou a oportunidade em que a bruxa estava escolhendo cuidadosamente os repolhos, porque gostava muito de repolhos, e queria-os bem verdes, com folhas grandes, e então ele correu até a estante onde dizia "Papelaria", pegou um lápis, abriu um caderno e escreveu: "Quero voltar para minha casa".

Quando abriu os olhos, estava na sua casa.

– Oba! – gritou.

Escutou a sua mãe chamar: Joãozinho, Joãozinho, onde você esteve a tarde toda? Joãozinho entendeu que a dimensão dos livros é diferente do tempo humano. Uma hora para uma criança é tempo suficiente para tomar banho e tomar o café da manhã antes de ir à escola. Já no mundo mágico dos contos, uma hora de leitura pode levar uma criança para o mundo das bruxas, das fadas, dos bichos e outros.

– Desça para tomar um lanche e depois tem que fazer as tarefas. Traga o seu caderno.

Joãozinho pegou o seu caderno novo, que sua mãe havia comprado na papelaria da esquina para as aulas de português na semana anterior, e sorriu.

Sim, o caderno estava em branco. Só dependia do menino escrever coisas belas ou ruins, dependia do menino fazer bons trabalhos. Lembrou-se da vovó, ela sempre dizia que um caderno é como a vida, você tem chances de fazer coisas boas.

Joãozinho levantou-se, foi até a porta, passou pelo corredor e chegou à sala. Lá abriu o caderno e viu uma frase que a professora havia escrito no quadro e ele mesmo havia copiado no caderno: Redação "Quero voltar para minha casa".

Isabel Furini é escritora, poeta e palestrante, autora da coleção "Corujinha e os Filósofos" da editora Bolsa Nacional do livro, Curitiba, e de "Joana, a Coruja Filósofa" da editora Sophos de Florianópolis.

A Tribo dos Poetas (Crônica de Humor)



Uma das tribos urbanas mais chamativas é a tribo dos poetas. É uma tribo composta, em sua maioria, por vaidosos compulsivos, mas também batalham em suas fileiras, solitários, depressivos, tímidos, neuróticos e outros casos menos estudados.

Conhecendo a tribo, atrevo–me a dizer: não existe morro que não se compare como o Himalaia nem poeta que não acredite ter talento especial. Alguns casos são dignos de menção. Como aquela reunião de comerciários... Alguém mais quer falar? Perguntou um dos organizadores. Uma mulher se levantou. Era uma poetisa. Avançou entre as mesas com o nariz empinado. Há dois anos me dera seu livro dizendo: Seja honesta, professora. E eu fui honesta – eu sou tão ingênua! Ela não queria honestidade, não. Queria aplausos. Essa tarde pegou o microfone e leu um poema tão ruim, mas tão ruim, que as flores que enfeitavam a mesa, imediatamente, murcharam.

Contudo, quando percebo a vaidade quebrada fico comovida... Por exemplo, se ao entrar numa livraria vejo um poeta lançando seu livro naquela solidão que dá para sentir... Imediatamente me aproximo, adquiro um exemplar e peço um autógrafo. Na realidade o faço para ganhar o Céu. Quando Deus perguntar: o que você fez de bom no mundo? Eu responderei: comprei dezenas de livros de poetas desesperados. E Deus dirá: Pode entrar no Sétimo Céu.


Isabel Furini é escritora e poeta. Autora do livro de poemas "Os Corvos de Van Gogh".



sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O Macaco Leitor (poema infantil)

Recomendável a partir de 4 anos.
Poema de Isabel Furini.

O MACACO LEITOR

O macaco está alegre todo dia,
pula e brinca,
bate palmas e assobia,
come banana e amendoim,
mas antes de dormir
realiza a leitura
de algum livro infantil.

Isabel Furini

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Lançamento do livro ECOS DO TEMPO de Orides E. Maurer Junior

O historiador Orides E. Maurer Junior é licenciado em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências, Letras e Artes de Joinville, pós-graduado em Práticas pedagógicas inovadoras na Educação Básica com ênfase em História pela AUPEX, autor do blog História e Sociedade e do livro Ecos do tempo: uma viagem pela história (Letradágua, 2015).

O livro será lançado na Feira do Poeta, no Centro Hisorico de Curitiba, em 20 de dezembro/2015, a partir das 10 horas da manhã.

No prefácio do livro Ecos do tempo: uma viagem pela história,  lemos:

"Há diversas formas de se fazer e contar a História. Ecos do tempo: uma viagem pela história apresenta aos leitores textos, crônicas, dossiês e poesias através de “recortes históricos” de tempos e culturas diversos, escritos de forma a quebrar tabus, preconceitos e estigmas, expondo os dilemas, as lutas, as conquistas, as utopias, os amores e o legado dos povos, sem perder de vista suas conexões com o tempo presente, a razão da própria História".

Na continuação um poema do livro Ecos do tempo: uma viagem pela história, de autoria de Orides E. Maurer Junior:

Homens brancos barbudos de cabelos vermelhos

“Um dia virão homens brancos do Leste, com barbas 
compridas e trarão desgraça." 
Antiga profecia indígena
I
Sou Asteca Maia Inca
Sou índio
Homens brancos barbudos de cabelos vermelhos chegaram em casas flutuantes
Trazendo numa das mãos a cruz
(Fincaram-a em nossa terra sagrada)
Trazendo noutra mão a espada
Passaram a fio nos ventres de nossas mulheres e nossos filhos
E queimaram nossas casas
E destruíram nossos templos
E usurparam nossas riquezas
E todos choraram
Eram os deuses que estavam retornando?
Resistimos
II
Sou Apache Comanche Navajo
Sou índio
Homens brancos barbudos de cabelos vermelhos chegaram com suas mulheres e filhos
Trazendo numa das mãos o rifle
 Perfuraram nossos corpos
Dizimaram nosso alimento – o bisão
Riscaram nosso solo com cavalos de aço
Trazendo noutra mão a carta do grande chefe branco querendo comprar nosso solo sagrado
Resistimos
III
Sou Araucano Tupi Guarani
Sou índio
Homens brancos barbudos de cabelos vermelhos chegaram com seus arcabuzes
Trazendo numa das mãos a cruz
Fincaram-a em Pindorama em nome do rei
Nos escravizaram
Nos evangelizaram
Nos perseguiram nas florestas rios montanhas
Resistimos
IV
Sou Sioux Pueblo Algonquino
Sou índio
Homens brancos barbudos de cabelos vermelhos continuam a chegar
E tomam nossas terras
E violentam nossas mulheres
E trazem doenças
E seu Deus branco barbudo
E seu álcool
E sua droga
Resistimos
V
Sou Xavante Tucuna Potiguara
Sou índio
Nos mataram escravizaram estupraram
Nos fizeram aprender outras línguas outros costumes outras crenças
Sobrevivemos porque resistimos
Sobrevivemos porque acreditamos que a terra é sagrada
Sobrevivemos para ensinar aos homens brancos barbudos de cabelos vermelhos que a terra é sagrada
Somos todos índios

Continuaremos a resistir

Orides E. Maurer Junior

RESENHA: Refluxos, de Edson Valente

O autor publica seu primeiro livro de contos, Refluxos (Ateliê editorial, 2010, 80 páginas), porém não se trata de um iniciante, pois Valente já tem seu estilo bem definido. É um estilo moderno, com colocações sutis e comentários irônicos.

O leitor de contos clássicos sentirá falta de alguns elementos descritivos como detalhes do cenário, retratos de personagens e nomes que identifiquem esses personagens. Talvez Valente escolheu essa forma narrativa porque vivemos numa época de massificação, onde os nomes não diferenciam as pessoas. Os seres humanos se unem ou se separam por gostos e desgostos, por situações (algumas fortuitas), por parâmetros, ideologias, costumes, hábitos, enfim, o homem contemporâneo é talvez o mais solitário, o mais incompreendido, e, ao mesmo tempo, aparentemente o mais semelhante aos semelhantes – o efeito colateral da tão desejada igualdade. E esse olhar da condição humana pode ser percebido no livro.

A ironia, a monotonia, o cansaço, o “abacaxi” que aparece em qualquer situação, são focados pelo escritor. Edson Valente não está preocupado em descrever o espaço, mas em mostrar aspectos da vida das pessoas. Ele tampouco cria tipos, mas assinala características da forma de viver e de ser do homem contemporâneo e o transforma como o personagem do excelente conto Plano de previdência, um daqueles contos que se lê várias vezes, e em cada leitura podemos encontrar novos detalhes interessantes. Na história o homem se transforma em um ventríloquo mudo. Magnífico oximoro!
Vejamos um fragmento de Plano de previdência: “E, em um certo dia, o ventríloquo ficou mudo. De tanto fingir distanciamento, perdeu o movimento. Confundiu- se, parou de dirigir e de interpretar. Não se esforçou nem mesmo antes de se firmar na série, ser aclamado pelo público e, assim, tornar-se imprescindível para os produtores.”

Valente desenvolveu no jornalismo a capacidade de observação, de ver detalhes, situações. Sua linguagem é altamente literária e seu campo de expressão é a metáfora. O uso da metáfora como forma de olhar os acontecimentos, o mundo, torna algumas partes do livro altamente líricas, mas sem cair em pieguices, pois os assuntos quotidianos vistos com um olhar singular não permite esse tipo de quedas.

Em Refluxos encontramos críticas certeiras e irônicas, como, por exemplo, “Adotou um papel para o qual se adequava perfeitamente – e, tarde demais, descobriu que era, em essência, aquele papel.

A metáfora já está no nome Refluxos – (vejamos fragmentos do conto Inanição): “Ele fica pesado, uma má digestão crônica, e começam a sair umas substâncias viscosas de sua boca (...). Até que um dia tudo escapa de uma vez, em uma só golfada. Um soco duro e impiedoso, e depois do atordoamento inicial tentamos recuperar o equilíbrio e conter aquele vazamento, ver se ainda dá para segurar alguma coisa, um naco que seja, um naco de coisa alguma, uma beirada de qualquer lembrança, uma luz diferente, um brilho de fim de tarde, algum resto de calor. (...) E aí, então, o vazio final...”

Se o autor escolhe a metáfora para falar do mundo, podemos dizer que ao perceber frases como essas: “E aí, então, vazio final...” lembramos-nos de A Náusea do existencialista francês Jean-Paul Sartre. Evidentemente os dois livros não se relacionam no estilo, nem no tempo, mas tem sim um ponto de vista semelhante. Sartre, no romance A Náusea, constrói seu romance filosófico a partir dos sentimentos e da observação de ações banais de Antoine Roquentin. Refluxos convida o leitor a entender os refluxos, náusea, vômito, cansaço da vida que parece sem sentido. O livro se refere a um refluxo, vômito de todas as coisas que poderiam ter sido boas e não foram.

No conto O cachorro entrou na igreja: “Lá de dentro, muita luz, uma barricada de pennies, de cálices dourados, de casais repetindo “sim” incessantemente e outros tombando, juntos, depois de sorverem taças de licor de cicuta”.

No conto Mausoléu, “Enquanto eu mesmo não me tornar uma carcaça nauseante, algo estará resguardado. Minha memória mantém com fervor o local onde enterrei o tesouro, marquei um “x” ao pé de uma árvore frondosa que viverá bem mais que nós dois juntos”.

Refluxos é uma boa opção para ler, curtir e pensar.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Presente de Natal (Poema de Isabel Furini)

É Natal! É Natal!
Sinto muita alegria
Papai Noel vai chegar
carregado de presentes.

Ele trará uma boneca?
Ele trará um ursinho?
Não! Eu sou menina moderna, 
Imagem de Gotaro
eu quero um celular novinho.

Isabel Furini



Lançamento de livro de Marli Terezinha Andrucho Boldori

Professora Marli Terezinha Andrucho Boldori, lançou seu primeiro livro , "Pensando a Vida", na UnC, Universidade do Contestado, de Porto União, em parceria com a ALVI Academia de Letras do Vale do Iguaçu.
Marli Terezinha Andrucho Boldori é formado em Letras e há anos escreve poema, contos e crônicas. Por isso, o seu livro foi muito bem recebido pelos grupos literários das cidades de Porto União e de União da Vitória. 

Marli foi professora e diretora do Colégio Estadual Professor Balduíno Cardoso, foi professora do Colégio São José de Porto

União/SC, e da Universidade do Contestado.

O livro "Pensando na Vida" foi editado pela Multifoco, RJ. Marli Terezinha Andrucho Boldori recebeu incentivo da professora Fahena Horbatiuk, e do colunista e escritor Odilon Muncinelli.Houve grande receptividade por parte de alunos , amigos , parentes. 


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

QUEM PODE SER ESCRITOR?

Hoje quero falar de um fato curioso, aconteceu com Gabriel García Marquez. Ele enviou o seu livro O enterro do diabo para a editora Losada, da Argentina, e recebeu os originais de volta com uma carta do crítico espanhol Guillermo de Torre, o qual o aconselhava: “Dedique-se a outra coisa”.

Também o livro Ninguém escreve ao coronel foi recusado por Roger Caillois, da editora francesa Gallimard. Então, não desista se seu livro for recusado, se sua obra não entrar em determinado salão. Gabriel García Marquez teve seus livros rejeitados por editoras, por que você deveria acertar na primeira? Manet, sim, o grande Manet, em 1874, teve seus trabalhos rejeitados pelo Salão Oficial dos Artistas Franceses. Se Manet foi rejeitado pelos organizadores do Salão, por que um jovem artista quer desistir se não for aceito no primeiro momento?

Tudo bem que é interessante a avaliação dos outros. Para os poetas, contistas e romancistas é importante a avaliação de pessoas dedicadas à literatura, para pintores e escultores é importante a opinião de críticos de arte e de artistas plásticos consagrados, mas se a avaliação não for elogiosa, nada de desistir. Talvez não falte a beleza na sua obra, talvez falte a sensibilidade de professores e críticos para perceber a estética de sua obra. É bom lembrar que se Gabriel houvesse acreditado no crítico Guillermo de Torre, famoso na época, o mundo perderia a chance de ler excelentes livros.

Eu presenciei uma professora de arte, tentando mostrar o seu grande conhecimento, numa exposição com quadros de mais de 50 artistas, lançar a frase venenosa: “Nesta exposição deixam entrar qualquer pessoa. Vejam esse quadro. Que horror!!!”. Uma das organizadoras estava perto e anunciou: “Esse quadro é de um artista famoso de Portugal. Premiado em muitos salões”. A professora de arte ficou sem saber o que dizer... "Ah... Eu não gosto de pintura moderna".

Isso mostra que em arte muitos falam, mas poucos sabem. Ou seja, se o quadro era de um iniciante, era muito ruim, mas como era de alguém famoso, está tudo ótimo!

Se até García Marquez apanhou de crítico, como vamos confiar neles?

Lembrou-me de uma frase da atriz Elizabeth Taylor, que dizia que o bom de ser velho é que a gente não dá tanto valor à opinião dos outros. Eu já vi muitas pessoas desistirem antes de tempo. Só porque alguém que se acha o dono do mundo, porque tem um certo nome em arte ou literatura, fala que o texto não é bom ou que o quadro não é bom. Por isso acho que as pessoas devem saber que grandes mestres das artes e da literatura avançaram, apesar das críticas. García Marquez, indiferente à opinião do grande crítico, continuou escrevendo. É tudo o que um artista deve fazer. Lavrar o próprio caminho. Agora que passei dos sessenta, penso que tola fui ao acreditar na opinião dos outros. No momento, só acredito em Deus e em mim mesma. Isso é tudo o que um literato ou artista precisa para trabalhar a sua obra com autenticidade, longe dos modismos de sua época e de seu entorno.
O grande espadachim Miyamoto Mushasi, quando os alunos perguntavam: É mais fácil vencer com espada curta ou longa? O mestre respondia: Nenhuma das duas, só espírito de vitória dá a vitória.
O espírito de vitória, nisso eu acredito, gente, acredito mesmo!

Isabel Furini é escritora e poeta. Autora do livro de poemas "Os Corvos de Van Gogh".
e-mail: isabelfurini@hotmail.com

CRIANÇAS PODEM ESCREVER POEMAS?





A Matrix Editora publicou o paradidático “O Grande Poeta”, de minha autoria, dedicado ao público infantil. Só posso dizer que escrever para crianças não é tão fácil quanto as pessoas pensam. Como bem escreveu Cecília Meireles, a criança se alimenta com a literatura. Ou seja, quando damos livros de contos ou poemas para os pequenos, na realidade, estamos alimentando seu mundo subjetivo. E o mundo infantil é de experimentação e descobertas. Por isso, a minha proposta é que as crianças façam poemas, brinquem de fazer poesia.





Crianças e adultos podem brincar de poetizar. Para assinalar o caminho, o livro “O Grande Poeta” fala das figuras de estilo e coloca alguns poemas, não como exemplos para serem seguidos, mas para informar e divertir a garotada. O GRANDE POETA é um paradidático leve, que pode ser usado na sala de aula. Não dá parâmetros para escrever poemas, mas convida, estimula e mostra maneiras divertidas de escrever versos.

Em geral, os pequenos gostam de jogos linguísticos. Por isso, escolhemos as figuras de estilo como ponto de partida para criar poemas. Eu sei que muitos não gostam das figuras, mas temos que pensar na expressividade que outorgam aos textos. Na atualidade, a publicidade faz estudos das figuras de estilo porque descobriram que com as figuras é mais fácil vender ideias e produtos. Os seres humanos obedecem a códigos emocionais. A força da emoção nas decisões é, muitas vezes, maior do que a força da razão.

Então, as figuras de estilo são estudadas de maneira divertida. O livro ensina a fazer poemas, jogar com as palavras, combinar os sons e os significados. As crianças aprenderão o que é metáfora, anáfora, catacrese, personificação e muito mais, sem mistério e sem complicação, em poemas divertidos e cheios de sensibilidade. Se você gosta de poesia, então venha também brincar de ser um grande poeta.

Vejamos um poema infantil de minha autoria, que não está no livro, mas que trabalha a figura de estilo chamada Personificação, que consiste em atribuir sentimentos, emoções, comportamentos próprios do ser humano a animais, plantas e objetos inanimados.

Vejamos:

O CACHORRINHO

Um cachorrinho sem um dente,
cujo nome era "Pingente",
foi correndo ao oculista.
O oculista falou:
- Você errou de especialista.
Você precisa de um dentista!
Hahahaha. O Cachorrinho riu.


O livro “O grande Poeta” de Isabel Furini está à venda na Editora Matrix. Site: http://www.matrixeditora.com.br/, fone (11) 3868-2863.
















segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A DENGUE (Poema Infantil)

A dengue é terrível
faz um mal danado.
Os mosquitos da dengue
são como vampiros,
pois e atacam os humanos.

Água empoçada,
você já deve saber,
é uma bela casa
para o mosquito da dengue
morar e crescer.

A mamãe coloca
as plantas em vasos,
os vasos em pratos,
os pratos nos cantos.

Quando molhar as plantas,
que vivem nos vasos,
cuide para que no prato
não fique água acumulada.

Pneus velhos, jogados,
com água empoçada
são perigosos
como velhas armas.

Homens e mulheres,
velhos e crianças,
devem ter cuidado
e espreitar direito.


E ao enxergar água
empoçada, devem
jogá-la na hora, limpar,
ou ligar para o prefeito.

É preciso acabar com a dengue!

Isabel Furini é escritora e palestrante, autora da coleção "Corujinha e os filósofos", da editora Bolsa Nacional do Livro. Ministra oficinas e palestras para futuros escritores. Contato (41) 8813-9276 -e-mail: isabelfurini@hotmail.com

sábado, 12 de dezembro de 2015

VOCÊ CONHECE O QUIXOTE?

Será que o Quixote de la Mancha é somente um personagem criado por Cervantes na sua novela, ou deveríamos dizer no primeiro romance que o mundo conheceu, como alguns consideram a obra?

Há poucos dias, ouvi dizer a uma pessoa desiludida que o Quixote não existe mais. Não existe. Está passado de moda. Escondido em um baú escuro e úmido. O Quixote é coisa do passado.

Será? Ou talvez nossos olhos não foram treinados para descobrir os Quixotes nas ruas da cidade, nos barzinhos do Largo, nas salas do Belas Artes, diante de um quadro no Museu Niemeyer, na livraria de usados buscando um título quase desconhecido, na noite de autógrafos lançando um livro para meia dúzia de pessoas, encostados nos vidros das agências de turismo olhando os cartazes com os olhos do desejo, procurando um vestido de noiva em algum atelier, olhando uma bola de futebol e sonhando.

Interessante que eu não consigo ver o Quixote encaixotado em um gênero literário, abarrotado de estúdios literários, morto.

Eu vejo o Quixote, ou os Quixotes todos os dias: é o poeta que vende seu livrinho feito por computador na rua da Flores, é o ator de teatro que quase morre de fome, mas persiste esperando o êxito de sua próxima peça. É o recém formado que sonha com fazer uma pós-graduação na Europa ainda que esteja desempregado no momento. É o empreendedor que inicia um pequeno negócio, mas ele sonha que terá êxito internacional. É o esportista sentado no banco de reserva, mas sonhando com um jogo fantástico. Céus! Este é um mundo de Quixotes! E de Sanchos!

Quixote enlouquece, outros bebem nos bares, fumam ou ingerem substância proibidas, são os Quixotes que chegaram ao limite de suas forças. Não conseguem mais sonhar sozinhos. E não adianta que uma sociedade materialista, doente, consumista e hipócrita julgue os outros – não sem antes se olhar o verdadeiro rosto no espelho. E não falo dos dentes brancos depois de tratamento, nem do rosto de photoshop, falo do verdadeiro rosto – esse que escondemos dos vizinhos. Já falava Jung que quando mais reprimimos “a sombra”, mas ela se fortalece.

Vivemos em um mundo de sonhos desconcertantes e de realidades desconcertantes. Um mundo de vazio existencial, de medos, de máscaras, de fantasias. Um mundo de palavras e imagens. Um mundo no qual os Quixotes nascem, crescem, envelhecem, morrem e nem sempre conseguem realizar os seus sonhos. Eles deixam algumas sementes de ideias. E novos Quixotes nascem e tomar o lugar daqueles que se vão. Como lemos na letra “ The Impossible dream” “Tentar com os braços exaustos alcançar a estrela inalcançável”. É isso mesmo. Sonhar e batalhar. É sempre amanhã que os sonhos podem ser realizados. Hoje é só dia de luta.

“E será este mundo melhor
se houve quem desconsiderando a dor
combateu até o último alento
e com fé o impossível sonhar
e a estrela alcançar.”  

Fragmento do letra "O sonho impossível"

Queridos leitores, existe algo mais “quixotesco” do que isso?







Isabel Furini é escritora e poeta. Contato: isabelfurini@hotmail.com

Livro conta história das famílias italianas de Santa Felicidade

Em 14 de dezembro, os descendentes de italianos que ainda não adquiriram o livro "Nossas origens" poderão conhecer um pouco mais da origens das famílias que se estabeleceram em Santa Felicidade. O livro, escrito de maneira fluente, é uma pesquisa série sobre a colonização italiana.

A obra ossas Origens é autoria de Ericson Ives Costa, Janice do Rocio Colodel Costa e Nelson Costa.


O livro, em 292 páginas, consegue fazer um amplo registro histórico sobre os ciclos migratórios realizados por italianos, descreve as localidades de origem e a trajetória dos imigrantes e seus descendentes, relatando fatos e resgatando sua memória.

Vejamos os dois primeiros parágrafos do livro:

"Como diz o título do livro, O Bairro que Chegou Num Navio, Santa Felicidade foi criada por 15 famílias de imigrantes italianos que desembarcaram em Paranaguá no dia 5 de janeiro de 1878 e chegaram à região em novembro do mesmo ano.

Conforme consta no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro o Vapor Sully atracou na Ilha das Flores no Rio de Janeiro, em 2 de janeiro de 1878, vindo do porto de Gênova, Itália, tendo como Capitão Adolfo Segond e 900 passageiros a bordo. Após as formalidades do serviço de imigração na ilha, o navio rumou para Paranaguá aonde chegou no dia 5 de janeiro do mesmo ano."

Na continuação a obra conta quais famílias foram para Curitiba e ficaram em Santa Felicidade. A obra é um importante registro histórico e tem valor especial para os descendentes dessas famílias.

O lançamento do livro faz parte das atividades culturais da 1ª Feira de Arte Contemporânea Art Invest.

NATAL (Poema de Isabel Furini)





Esperanças natalinas
dançam na luz das chamas irriquietas
das velas coloridas.

Que os Anjos da Alegria
iluminem os espelhos dos sonhos,
enquanto o vento do Destino
faz acrobacia
nas janelas dos mitos e dos símbolos.

Isabel Furini

A crônica e os espelhos

A CRÔNICA E OS ESPELHOS

Há anos oriento oficinas de literatura, e uma pergunta que surge frequentemente me leva a pensar que na atualidade o ser humano tem medo de pensar por si mesmo e medo de se expor. A pergunta é: “e sobre qual tema vou fazer uma crônica?”. Essa pergunta é feita por pessoas inteligentes, capazes, muitas delas formados, bons profissionais, mas que têm medo de expressar o seu mundo interior, medo de errar, medo de escrever sobre algum assunto que desagrade.

Em primeiro lugar, devo dizer que uma das características do bom cronista é o fato de ser desagradável. Ele não pode agradar a todos, nem tentar fazer isso. Ele é como um espelho de sua época. Reflete o entorno.

O cronista procura as armas mais adequadas para escrever a sua crônica. Às vezes, pode ser chamado de canastrão e outros, de pessoa sensível. Ele nem sempre está preocupado com o impacto de suas palavras, mas com a satisfação de dizer alguma verdade que paira na sua cabeça e não o deixa dormir.

Tem também o medo de errar, sim, porque o século XXI tem uma obsessão com uma meta impossível: a perfeição. As pessoas acham que devem ser perfeitas. Ter o corpo perfeito. Não ter rugas, apesar de que os anos passam e mostram o contrário. Triunfar em tudo – para isso estão os filmes americanos mostrando o triunfador em esportes, em negócios, na vida. Dizer que não conhecem o ódio nem o rancor, são grandes e bons, verdadeiros heróis. Devem mostrar que também a vida familiar é uma perfeição. Ninguém fala uma palavra em voz alta. São todos seres equilibrados. Sim, porque neurose, obsessões, bipolaridade, depressão e outros sintomas de nossa sociedade consumista só atingem os outros. Cada um tenta mostrar a sua maneira que navega no barco da perfeição enquanto mora numa sociedade na qual impera a competição e a neurose pelo poder e pela riqueza.

Seres humanos são contraditórios. Interessante é perceber que sentimos vergonha dessa contradição, contradições entre palavras e ações, contradições internas, por exemplo, entre o dever e o desejo, entre o ideal de beleza e o instinto de sobrevivência, que nos induz a fazer coisas nem sempre certas. As próprias empresas correm atrás do lucro para poder sobreviver, mas só falam de sua “missão idealista”. Uma empresa que não dá lucros fecha as portas, não interessa que seu ideal seja maravilhoso. Um ser humano que não sabe se proteger dos joguinhos de poder do mundo neurótico que vivemos será facilmente manipulado. Mas é melhor fechar os olhos, continuar o sonho da perfeição, dizer que somos maravilhosos... santos ou anjos caídos no planeta Terra.

Quadro de Neiva Passuello
Talvez por isso não importem os estudos, a formação profissional, o nível socioeconômico. Muitos alunos perguntam: Sobre qual assunto vou escrever? Talvez eles desejem algum assunto muito simpático para não revelar o ser interior. Porque, sejamos honestos, é impossível viver só de photoshop. Tarde ou cedo é preciso olhar no espelho da verdade, ainda que seja só para escrever uma crônica.

A crônica é um texto curto que pode focar algum aspecto da realidade, de maneira séria ou jocosa. A crônica é um espelho do mundo. O cronista pode bisbilhotar a vida alheia, zombar das atitudes humanas, criticar a sociedade, denunciar incongruências, exagerar comportamentos, ironizar o nariz do vizinho, chorar com a criança que passa fome ou com as tragédias ecológicas. A crônica é popular e admite técnicas e assuntos variados. Crônica é como o mar, permite que todos entrem: bons e maus, ricos e pobres, jovens e idosos. Por isso, para alguns escrever uma crônica é como navegar e fotografar o entorno. É como espelhar o mundo.

Isabel Furini é escritora e poeta.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O CIRCO (Conto)

Estava na cozinha esquentando o café do dia anterior. Sua esposa o havia deixado. Abandonara-o meses antes, quando um circo passava pela cidade. Ela aprendeu a voar junto com o trapezista. Nada tão belo quanto um salto mortal! – comentou Vera. Ele a viu voar no trapézio junto com o trapezista. Mas quando Vera o abandonou, suspeitou do palhaço. 

Martim viu quando o palhaço se aproximou de sua esposa e murmurou algo no seu ouvido. Ela sorriu. Abraçou-o. Uma semana depois, o circo foi embora e sua esposa também. Tudo culpa do palhaço! Esse palhaço de sorriso falso! Era isto: ela havia fugido com um palhaço! E agora os dois iam com o circo de cidade em cidade fazendo palhaçadas.

Um ano depois o circo voltou à cidade, e ele soube o segredo que Vera havia guardado durante muitos anos. Vera engravidara quando era adolescente e havia dado seu filho a um casal de palhaços que trabalhava em um circo.

Isabel Furini é escritora e poeta.
Trabalho de Lucy Urquiza

Revista LOGOS de Portugal publica gratuitamente poesia e prosa

Carmo Vasconcelos e Henrique Ramalho editores da revista Logos
Poetas, contistas e cronistas, sejam iniciantes ou aqueles que tem uma longa trajetória, todos podem publicar na Revista Logos organizada pelo casal Carmo Vasconcelos e Henrique L. Ramalho, de Lisboa, Portugal.

A revista Logos é online e a participação de poetas e escritores é gratuita.


A 17º Antologia Logos de novembro/2015, publicou 420 trabalhos entre poesia e prosa. Foram poetas e escritores de 19 países que enviaram os seus textos, e para as próximas revistas que serão lançadas em 2016 os poetas, cronistas e contista poderão enviar os seus textos para que sejam publicados.


Tive a honra de ter um poema editado na 17º Antologia e quero agradecer a oportunidade que esse
casal de poetas está dando para muitas pessoas que já tem textos publicados de poetas e escritores que há anos batalham no mundo da literatura e as portas estão abertas também para os iniciantes que podem realizar o sonho de ter um trabalho publicado em uma revista virtual.



Os interessados podem enviar só um trabalho para publicação gratuita na revista Logos. Pode ser um poema, um conto ou uma crônica.

Encaminhar para o e-mail: carmovasconcelos@zonmail.pt

E aqueles que desejem conhecer essa revista literária:

http://www.carmovasconcelos-fenix.org/LOGOS/L17/LOGOS17-NOV2015.htm


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Poema de Isabel Furini é premiado em Portugal

O poema de minha autoria: Octopus – inspirado no quadro do mesmo nome do artista e curador português Kim Molinero, recebeu na Art Galerium 15 – Exposição de Artes&Letras realizado na Galeria o 1º Lugar do Prêmio Internacional de Escritores/Poetas, em Coimbra, Portugal.

O evento aconteceu em 28/11/2015 na Exposição “ARTGALERIUN ’15 – 10ª Exposição Internacional de Artes e Letras em Coimbra-Portugal na Galeria de Artes Albuquerque e Lima, onde se realizou mais um evento Internacional dedicado às artes e às letras.

O prêmio consiste em um Diplomas e uma obra em Aquarela da artista plástica Dina de Souza.

Fico honrada com a escolha de meu poema. Grata.

1º Lugar Prêmio Internacional de Escritores/Poetas - Coimbra, Portugal:


OCTOPUS

exilou-se o artista
e percebeu seus tentáculos
Quadro Octopus de Kim Molinero

abrangendo a Metafísica
(além da técnica do pincel)

as ideias chegaram em tropel
pois pintar não é só um desejo
a inspiração
não é só uma flor em um jardim

é uma alienação
é um octopus que navega na sua alma
talvez Kim seja um Minotauro
– um ser mitológico de olhar metafísico
exilado no labirinto do mundo

Isabel Furini

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