domingo, 16 de julho de 2023

Intenções - Poema de isabel Furini

 



Intenções

O
dono
da
mão
que
doa
o
pão
não
quer

aplacar
a
fome
do 
mendigo

quer
rasgar
o
véu
pular
etapas
e
chegar
ao
céu.

Isabel Furini

sábado, 15 de julho de 2023

O canto do pássaro azul (Poema de Isabel Furini)

 

Imagem gerada pela IA do Bing 



Canto do pássaro azul


Cada vez que na janela das ilusões
canta o pássaro azul
sonhos antigos são renovados
brancas borboletas
pulam de minhas mãos
e uma sombra costurada a meus pés descalços
começa a dançar flamenco
criando gretas nos muros do passado

o canto do pássaro azul
tem o poder de vivificar sonhos mortos

Isabel Furini

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Corpo e alma (Poema de Isabel Furini)

 

Corpo e alma

Nada sei desse céu
que contempla a eternidade
pois como humana
sou corpo e alma
um corpo que obedece ao tempo
(minutos, horas, dias, anos)
e uma alma que foge dos triviais inventários
rasga mordaças
e se alimenta de sonhos temerários
pois tem sede de céu e de infinito

Isabel Furini

**

domingo, 9 de julho de 2023

Brinquedos (Dois poemas de Isabel Furini)


Imagem gerada pela IA do Bing

Imagens e lembranças

O olho de um leão de pelúcia
o sapatinho de uma boneca antiga
as asas de um aviãozinho de madeira
os trilhos de um trem quebrado
imagens que me atingem
como um tornado
atinge uma cidade dormida

possuo um ego maníaco
que  ancora
imagens, emoções e lembranças
nos cantos do músculo cardíaco.

Isabel Furini

Imagem gerada pela IA do Bing


Brinquedos no porão

No porão, onde dormem os brinquedos
antigos (a boneca sem um braço,
o carrinho sem rodas, o trem quebrado)
a umidade incentiva fungos e lembranças
dos interstícios das paredes
o passado espreita
chovem imagens da época de criança
a vertigem do ontem cria redemoinhos
cada ser humano tem as suas lembranças
a sua trajetória
a sua história
escrita com fogo nos cantos da memória

Isabel Furini

segunda-feira, 3 de julho de 2023

A faca de prata (Poema de Isabel Furini)

 

Imagem gerada pela IA do Bing

A faca de prata


Com uma faca de prata

cortar as cerejas maduras

e fragmentar as canções

que encantam e cativam a alma

– a alma é cereja vermelha

que emana paradoxos

e morde os calcanhares

na busca alucinada

das respostas

ocultas nos poemas

e nos escaravelhos de esmeraldas

- nos dias de Lua Cheia

cada poema selvagem

pendurado na linha do horizonte

é rasgado em dois com uma faca de prata

cada poema cuspe ondas de emoções

e revela a respiração dos anjos

e dos seres do submundo, a respiração opaca.


Isabel Furini

Poema publicado na revista Totem&Pagu, em 20/01/2022

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