domingo, 18 de janeiro de 2009

OS SEIOS DE DONA RUPERTA

Não sei sua opinião, mas eu acho engraçado escutar as pessoas comentando assuntos que não deveriam ser falados em público. Por exemplo, homens odeiam mulheres que falam demais – especialmente se as mulheres são velhas, logicamente. Com a idade vamos perdendo um pouco de bom senso e adquirimos uma certa compulsão de honestidade. E, as vezes, a coisa fica feia... Vejamos o caso de dona Ruperta. Dona Ruperta, a moradora do 7.º andar, muito faladeira, decidiu arriscar uma cirurgia estética. Queria diminuir os seios. Poupou durante alguns meses, enquanto informava a todos os vizinhos sobre sua decisão. Falava da cirurgia dos seios no elevador, nos aniversários, nas reuniões de condomínio. Não tinha ninguém no prédio que não soubesse que dona Ruperta iria diminuir os seios. Por fim chegou a data esperada e dona Ruperta foi, feliz, a “recuperar a esbeltez” segundo suas próprias palavras. Dias depois estava sorridente sentada na recepção do prédio contando ao porteiro e a qualquer vizinho que tivesse paciência para escutá-la, como foi a cirurgia e mostrando como tinha ficado “outra, mais moça, mais elegante”. Eu voltava de ministrar aulas, um pouco cansada. Sentei-me a lado da dona Ruperta escutando, mais por educação que por interesse, sua conversa mole ... De repente, Carlinhos, o netinho de dona Marieta, desceu as escadas, com um aviãozinho na mão. Movimentou o aviãozinho, fingiu que estava voando, pulou os últimos três degraus, rolou no chão. Depois levantou-se e sentou a meu lado, na recepção. Olhou para Dona Ruperta que de pé diante do espelho permanecia admirando seu novo visual e auto-elogiando-se: “Minha figura mudou, estou muito mais jovem, mais magra....” -Não importa quanto gastei... comentou encarando-me, meus seios ficaram tão bonitos que valeu a pena. Carlinhos aproximou-se dela, olhando-a fixamente. - É verdade, dona Ruperta, agora ficou sem peito - afirmou o Carlinhos - mas que bunda, hein?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

LER

– Por que devemos ler avô?
perguntou o menino,
e o avó respondeu com sapiência:
– Ler, meu querido netinho,
ajuda a compreender o mundo
e estimula a inteligência.

Isabel Furini
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