segunda-feira, 31 de maio de 2021

O sábio, a borboleta e a caneta



 

 

 

O sábio, a borboleta e a caneta

usa o astrolábio a borboleta
quando sonha que é um sábio
e mede o seu eu e as estrelas
(sem alienação)

em outra dimensão
um sábio transformado
em borboleta
percebe sobre seus ombros
o rosto de um poeta

com um pincel e tinta azul
um anjo de asas brancas
pinta entre nuvens
a ressonância da alma do sábio
da alma do  poeta
e da alma da borboleta
seres amados e  benditos
desenhados na mente de Deus
com a caneta do infinito

Isabel Furini



sexta-feira, 28 de maio de 2021

Efeitos colaterais

 

 

 

Os efeitos colaterais

alguns poemas revivem traumas
e provocar longas noites de insônia
e de solidão

impõe-se
a linguagem estética

contaminadas pela insônia
as emoções acordam
e dominam o jardim interior

os símbolos desembarcam
da barca
e diante dos olhos fechados
desfilam
e mostram seus verdadeiros rostos

Isabel Furini

 


 


Medo primitivo (poema de Isabel Furini)



 




Medo primitivo

às vezes a luz da Lua
ilumina o cabelo da Medusa

às vezes o olho da Lua
sobre os túmulos

ora o coração acelera
seu passo noturno

ora os olhos ficam fixos
na linha do horizonte

sempre os ponteiros do relógio
e o renovado medo
de permanecer na margem
da página do ontem
para observar as letras de um poema
e perceber a barca de Caronte

 Isabel Furini



terça-feira, 25 de maio de 2021

Sitiados - Poema de Isabel Furini

 

 


Sitiados

imagens obsessivas
avançam
até os confins do medo

tememos que as cobras esculpam
nos espelhos
rostos macabros
e bocas que denunciem nossas culpas

vítimas da estagnação
permanecemos imóveis
sitiados  
pelos fantasmas do passado
e alfinetados pela solidão

Isabel Furini





segunda-feira, 24 de maio de 2021

A Madonna de Bellini (Poema de Isabel Furini)

 

A Madonna de Bellini

Um costurar de sonhos
(entre nuvens de isolamento)
 
a estrada da introspeção
conduz à solidão

a luz é contemplada no silêncio
o olhar ingênuo é perpetuado
com magistrais traços

a cor azul do manto da nossa Senhora
destaca-se
e assume a nobreza do quadro

Isabel Furini


                                                  Imagem da Wikipedia - Domínio Público

                                                                  Madonna de Bellini

 


                                     

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Sem retorno (Poema de Isabel Furini)

 

 

 

Sem retorno

a vida é um deserto inóspito
murmurando silêncios!
o poeta arquiteta
universos paralelos
artifícios de palavras e texturas
surgem antigos alfabetos
na ampulheta
- o medo do futuro
(instinto primitivo)
extravasa  em cada verso.

estrada sem retorno
- o presente
é transformado em pretérito
pela alquimia do tempo

Isabel Furini



Os olhos e a boca (Poema de Isabel Furini)

 

Os olhos e a boca

ininterruptamente
falam os olhos
enquanto emudecem os lábios

murcha o musgo
separado da rocha

às vezes
o mutismo das bocas
contrasta
com a eloquência do olhar 

Isabel Furini



Áptero - Poema de Isabel Furini

 

 ÁPTERO

Sem asas
(o homem de Platão)
limitado no tempo-espaço
entrelaça
a arte e a paixão
entre as linhas paralelas
da obscura face funesta
da terrível solidão

Isabel Furini




Status (Poema de Isabel Furini)

 

Status

o ego espalha o sentimento
de importância pessoal
mas somos só uma pegada
na areia do espaço-tempo
uma mísera pincelada
no quadro deste universo

Isabel Furini


Concretude (Poema de Isabel Furini)

 

 

 Concretude

 

 

CONCRETUDE?

acordam emoções soterradas,
e ficamos cercados
por exércitos de arquétipos
é o mundo
dos espelhos de Maia
(a grande ilusão)
 ao alcance dos olhos e das mãos

os símbolos entrelaçam arquétipos
e expressam o inconsciente
ao compasso do tempo-espaço. 

Isabel Furini

 


 

 

 

 

terça-feira, 18 de maio de 2021

Bigorna (Poema de Isabel Furini)

 

Bigorna

quando o passado retorna
torna a vida um inferno

mais pesado que a bigorna
é o sentimento de culpa
(a culpa exige o perdão)

às vezes, é preciso ser fraterno
com o próprio coração.

Isabel Furini








quinta-feira, 13 de maio de 2021

Essências (Poema de Isabel Furini)

 

 

ESSÊNCIAS

o que é o ser humano?
é uma  pedra roseta
e o seu cérebro
(sempre em conflito)
ainda está sendo descifrado
pela vida
o que é a alma?
uma luz ou é uma pedra
arremessada ao infinito?

Isabel Furini

 


 

quarta-feira, 12 de maio de 2021

O Mestre zen (Isabel Furini)



 


O MESTRE ZEN

medita o mestre
e a borboleta de sua mente
descansa na borda da Lua

ao finalizar o dia (sorrateiramente)
o universo emoldura o silêncio
e o mestre percebe
a borboleta em calma
e a harmonia do vazio mental
faz sorrir a sua alma.

Isabel Furini

terça-feira, 11 de maio de 2021

Poetizar (Poema de Isabel Furini)


 

Poetizar

é tecer emoções
é procurar o reflexo
do desdobramento
do espaço
e do tempo
em espelhos quebrados
em imagens oníricas
e em alfabetos. 

Isabel Furini


Revista Escriba


 

O poema "Oscilante",  de minha autoria, foi publicado na Revista Escriba - Novos Horizontes, da editora Tiro de letras.

Acessar a revista pelo ISSUU:  

https://issuu.com/tirodeletrased/docs/revistaescriba_ed.10_novos_horizontes

domingo, 9 de maio de 2021

Pandemia: Efeito Borboleta (Poema de Isabel Furini)

 

 



Pandemia: Efeito Borboleta

morrem os vaga-lumes
- sem perspectivas
monges de túnica laranja
entoam cantos
com o coração
coberto de névoa

os dias se arrastam
(vagarosamente)
em mares de lembranças

a morte assoma
nos silênciosos olhares dos idosos
e nas borboletas sem asas


Isabel Furini





 




Minha culpa, minha culpa - Poema de Isabel Furini

 

 

Imagem gerada pela IA do Bing


Minha culpa, minha culpa

às vezes, ouço o canto dos pardais
sobre as lágrimas dos alienados

às vezes, o sentimento de culpa
cava túmulos, quebra escudos
crava espadas em corações imaginários
reúne sombras, provoca naufrágios
quebra rochas estremecidas pelas ondas

o sentimento de culpa
permanece incólume entre as águas do mar 

quando o homem perdeu o paraíso
começou a habitar o mundo da culpa
começou a  pensar:  é minha culpa
sou culpado, culpável
culpabilização do eu – projeção no outro

Mea-culpa, mea-culpa, mea maxima culpa

Isabel Furini

quinta-feira, 6 de maio de 2021

No muro (Poema de Isabel Furini)

 


NO MURO

amordaço lembranças
no muro do passado

visando o futuro
costuro palavras
nos muros das horas

observo nos muros
(despedaçadas)
as asas das borboletas
enquanto a areia cai
na parte inferior da ampulheta
renovando esperanças

Isabel Furini


 


A gaivota e o lagostim - Poema infantil de Isabel Furini

 




Imagem gerada pela IA do Bing


A gaivota e o lagostim


Eu gosto muito de brincar
Com meu amigo Lagostim.
E enquanto nado no mar
meus pais cuidam de mim.

Meu amigo Lagostim
adora nadar nas profundezas.
E eu adoro mesmo voar
sobre as montanhas e sobre o mar.

Quando eu venho a  nadar
gosto de narrar minhas aventuras no ar,
E ele me conta como são as profundezas.

Nós respeitamos as diferenças,
Porque somos amigos e entendemos
Que cada bicho tem a sua natureza.

Isabel Furini 

 


 

sábado, 1 de maio de 2021

O rio de Heráclito (Isabel Furini)

 

 

O rio de Heráclito
         Isabel Furini

A dança do tempo
dos ciclos, da vida...
a maçã mordida
o copo quebrado
a xícara vazia

os anos passam
e a alma ferida
os sonhos oxida

o riso e a ausência
chega a velhice
é a  impermanência

mais um passo
e o tempo devorará
os sonhos e os ossos

já falou o filósofo
“somos e não somos”
somos as águas do rio
a dança do tempo
e o sonho da vida
- além do rio de Heráclito
nada somos 


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