segunda-feira, 29 de março de 2021

Verdadeira Páscoa (Isabel Furini)

 

 

VERDADEIRA PÁSCOA

hora de libertar o coração
de espalhar água benta
sobre as cicatrizes
e  cerzir
as profundas feridas
com o fio invisível
do perdão

Isabel Furini



domingo, 28 de março de 2021

Poderoso passado (Poema de Isabel Furini)

 

Poderoso passado

Sinto medo dos ecos do ontem
temo que esses ecos quebrem
a porta do presente
e o "agora" possa ser mastigado
(impiedosamente)
pelas fileiras de dentes
chamadas lembrança e obsessão

Isabel Furini 






Ainda... (Poema de Isabel Furini)

 

Ainda ...

Ainda tenho a memória do musgo
enrolada nos tornozelos do tempo
e nos dias cinzentos
a memória sucumbe ao silêncio
e se torna remota
e ressurgem as lembranças
das palavras que ouvia no berço

depois o destino adverso
espalhou tristezas
e caminei pela praia dos versos
e descobri  a luz das estrelas e a voz do universo.

Isabel Furini 



 


sábado, 27 de março de 2021

Antonella (Poema de Isabel Furini)

 

ANTONELLA

envelheceu a paixão
e ficou silenciosa como um muro

sentiu-se abandonada Antonela
e somatizou na pele
as chicotadas da indiferença

passou a habitar as cavernas do tédio
e das lembranças

as lembranças devoraram as distâncias
e permaneceram ancoradas
(caoticamente)
no quarto do fantasma

Antonela analisou as memórias de sua mente
e compreendeu
que o fantasma era ela.

Isabel Furini 



sexta-feira, 26 de março de 2021

Pássaros prisioneiros (Miniconto)

 

Na minha casa havia gaiolas com canários.

Tinha aproximadamente 10 anos, quando fiz a pergunta: - Pai, por que os pássaros estão na gaiola? Podemos abrir as portinhas e deixar eles voar.

Meu pai respondeu: - Não! Eu gosto de acordar ouvindo o canto dos pássaros.
 

Fiquei em silêncio. Esse dia eu percebi que meu pai era  egoísta. 

Ouvir o canto (pranto) dos pássaros era prazeroso para ele... mas, e o sofrimento dos pássaros prisioneiros?


Isabel Furini

Imagem gerada pela IA do Bing




terça-feira, 23 de março de 2021

Sobre o mar (Poema de Isabel Furini)

 

 

Sobre o mar

com os labios tortos
e os dentes mordendo
antigos rancores
sobre o mar
dos pensamentos
enxames de emoções
navegam
em barquinhos de papel

Isabel Furini


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segunda-feira, 22 de março de 2021

Mãos (Poema de Isabel Furini)

 

 

 Mãos

O destino foi cinzelado
nas palmas das mãos

açoitadas pelas emoções
e cobertas de aflições

nossas mãos calejadas
vão alterando o destino 

e de noite, os violinos
musicam nossos naufrágios

Isabel Furini

 

O poema "Mãos" foi publicado no JP  (Jornal Popular) de Cachoerinha do Sul, RS, em 20 de março de  2021.
 


 

 

domingo, 21 de março de 2021

Viagem Poética (Poema de Isabel Furini)

 

 

Viagem poética
 

Viajei pelo mundo para observar
os poemas e a Poesia
percebi rumos fixos e travessias
vi grandes mentes que poetizavam
e cabeças de cobra que riam
mas foi nula a minha artimanha
pois a Poesia é paixão
mora na alma
e morde e arranha
os conceitos sustentados pela razão

Isabel Furini 

 

Imagem gerada pela IA do Bing



No Silêncio (Poema de Isabel Furini)

 

No silêncio

Atravessei
a Via Láctea
com a imaginação
enquanto
a minha alma
dormitava
no silêncio do amor.

Isabel Furini

 


 

Existência (Poema de Isabel Furini)

 




EXISTÊNCIA

 
istmo
entre a vida e a morte
a existência humana
é uma ponte
                        sobre o vazio
- um momento do rio de Heráclito.

Isabel Furini


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segunda-feira, 15 de março de 2021

Karma? Poema de Isabel Furini

 

Karma?

Nascemos… sonhamos e vivemos
suportando a pesada carga
de sermos seres precários
impermanentes
passageiros do tempo

onde se esconderão
as inquietas mãos
que estão escrevendo o meu destino?

Isabel Furini



Aristocracia (Poema de Isabel Furini)

 

Aristocracia

Chapéus exuberantes
fingem extinta beleza
e sem muita sutileza
e com pesada maquiagem
ficam diante do espelho
aprimorando a imagem
para que as fotografias
revelem digna postura
e alta aristocracia.

Isabel Furini




domingo, 14 de março de 2021

Humanos (poema de Isabel Furini)

 


Humanos

Carregamos sobre os ombros
um mundo invisível

sobre o ombro direito
os sonhos
sobre o ombro esquerdo
o sorriso da morte
e na cabeça
a equação sonhos-morte
fazendo nós
no tecido do destino.

Isabel Furini


 

quinta-feira, 11 de março de 2021

Poema sobre as águas

 

Poema sobre as águas

Navegar entre rosas de paixão
para escrever um hipnótico poema
capaz de  rosnar

um poema-fênix
que nasça e renasça e possa
fortalecer as metáforas e a carcaça
e dançar sobre as águas rasas
e sobre as águas profundas da emoção

escrever um poema que morra de solidão
ou de uma picada de escorpião
e renasça.

Isabel Furini



quarta-feira, 10 de março de 2021

terça-feira, 9 de março de 2021

Sensível Lua - Poema de Isabel Furini


Sensível Lua

A luz da Lua Cheia
ressoa
em mares improváveis
choram as ondas
atingidas pelos dardos
da emoção
e a Lua
(sensível espelho)
desloca-se
de sua rotação sincronizada
com a Terra
para acariciar as ondas
e espalhar amor.

Isabel Furini



domingo, 7 de março de 2021

Filme de zumbis (Poema de Isabel Furini)

 

Filme de zumbis

O pequeno javali
Tinha medo de assistir
Um filme de zumbis.

Seu amigo, o bicho-preguiça,
Falou assim:
- Não tenha medo javali,
É meio engraçado
Esse filme de zumbis.

Um zumbi tinha olhos de vidro
E não tinha nariz.
E outro zumbi saiu do caminho
E caiu sobre plantas com espinhos.

E havia uma cotovia
(Que também era zumbi)
Quando tentava cantar
Só gritava: pipipipipippi

O javali assistiu no seu quarto
E antes de terminar o filme
Ele já estava com sono
E como estamos no outono

Ele foi até a cozinha
E fez um chá quente de hortelã
E um omelete com ovo.

Isabel Furini



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Impulso (poema de Isabel Furini)

 

Impulso

um ser humano
subordinado
às trevas da tristeza
precisa restaurar
a geometria da palavra amor

só o amor
poderá preencher
o poço da  solidão
e imprimir nos calcanhares
o impulso de renovação.

Isabel Furini 



quinta-feira, 4 de março de 2021

Lua Minguante

 

 

Lua Minguante

Alimenta-se a vaidade...
mas é passageira, precária

o prestígio é como a Lua
tem seus momentos, suas fases
às vezes fica em minguante
e a voz altissonante da arrogância
torna-se rouca e sufocante

nada resiste o passo do tempo
nem a sorte
pois o tempo é um movimento
que infalivelmente leva à morte.

Isabel Furini


quarta-feira, 3 de março de 2021

A Caixa de Pandora (Poema de Isabel Furini)

 

A Caixa de Pandora

o Sol ilumina as almas
nas horas de pandemia

com olhos de sombra
a Constelação do Corvo
espreita o relógio
que observa as horas
nos espelhos côncavos

enquanto
empurrada pelo vento Norte
longe da caixa de Pandora
a esperança ziguezagueia
sobre o mar do medo.

Isabel Furini





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