segunda-feira, 28 de maio de 2018

AS ONDAS DO MAR (Poema infantil de Isabel Furini)

Fotografia de Isabel Furini
ONDAS DO MAR

Vêm as ondas,
as ondas vêm
e molham
seus dois pés.

São os pés
de uma gaivota.
Ela adora
as marés.

A gaivota 
com carinho
observa
o cavalo marinho.

O poderoso
tubarão
é muito amigo
do camarão.

As ondas vão,
as ondas vêm.
Elas se mexem
sem parar.

Vêm e vão
e o peixe boi
aproveita
para dançar.

Vão e voltam
sem parar.
As ondas gostam
de brincar.

E  as gaivotas
gostam muito
de brincar
no imenso mar.

Isabel Furini

Fotografia de Isabel Furini

domingo, 27 de maio de 2018

Canção do Mar


CANÇÃO DO MAR

A canção do mar
mergulha
no azul
onde as cores
do céu
fogem
pelos labirintos
do amor universal.

Isabel Furini

Rumo ao Porto - Poema de Isabel Furini


RUMO AO PORTO

Navegou pelo mar das palavras
e com inclemência
agitou as profundezas do oceano

desenhou nas águas o próprio rosto
para desvendar os símbolos ocultos na sua alma

exteriorizou com palavras
seus momentos de angústia e de felicidade

navegou incansavelmente – com teimosia
 e somente ancorou no porto abismal da Poesia.

Isabel Furini


Porto de San Francisco, Califórnia. Fotografia de Isabel Furini

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Entrevista com Assionara Souza realizada em 2010

Em 2010, uma amiga também escritora Zeny Belmonte, falou que estava participando de uma oficina ministrada por Assionara Souza. Eu pensei em entrevistar Assionara para meu blog "Falando de Literatura" do Bonde, e Zeny falou com ela. Assionara aceitou a entrevista pelo e-mail.

Há poucos dias Assionara deixou sua forma física e foi a poetizar outras dimensões, por isso decidi reproduzir a entrevista, pois algumas pessoas tem interesse no trabalho dela. Na continuação a transcrição dessa entrevista.



Você tem paixão pelos livros? Você lia quando era criança?

Gosto dos livros. Mas ultimamente tenho gostado mais ainda daqueles que não foram escritos. Pelo menos estes guardam-se puros e intocáveis. Os livros são como pessoas, a gente nunca sabe o que pode acontecer com eles. Alguns são imprevisíveis; e outros mais previsíveis e chatinhos. Tenho fechado com a máxima do poema "Liberdade", de Fernando Pessoa: "Livros são papéis pintados com tinta." Então, não acho que o livro pelo livro seja importante, mas a relação que temos com esses objetos é que faz toda a diferença. Eu não lia livros clássicos quando criança. Como o Drummond no poema "Infância", ou seu eu lírico, que leu a extraordinária história de Robinson Crusoé. Por outro lado, eu ouvia muita conversa de adulto. Na minha família nós sempre tivemos grandes contadores de histórias, e uns poucos fantasistas, também. O que vem a ser, em alguns casos, quase a mesma coisa.

2. Como surgiu o livro de "Amanhã. Com sorvete"?

Fui escrevendo textos. E quando vi tinha um livro pronto.Acho que isso deixa transparecer um certo amadorismo de minha parte.Há pessoas que fazem um projeto, traçam planos para escrever um livro único. Com relação a esse livro, eu selecionei, entre os muitos textos escritos, alguns que talvez se comunicassem melhor. Embora ainda tenha deixado escapar no conjunto uns três ou quatro que realmente não parecem participar da ideia geral do livro. De qualquer modo, assino todos. Fui eu que escrevi e traz o meu jeito de pensar. É um livro leve.Mas de uma leveza aparente.

3. Se você tiver que escolher um conto de seu livro "Amanhã. Com sorvete", qual escolheria e por quê?

Bom, de certa forma, eu já escolhi todos esses contos que estão no livro. Não sei se os escolhi bem. Tenho muito texto. Escrevo sempre. Em todo caso, gosto das histórias mais divertidas. Essas que podem causar uma sensação melhor no leitor. Não sei se tenho muito a dizer. É bem difícil hoje dizer algo novo ou original. As coisas mais originais são tão simples. E atingir a simplicidade é para poucos; considerando que os grandes sábios pouco se arriscam a dizer uma única palavra. Nós escritores, no geral, somos tagarelas demais. E tagarelice resulta quase sempre em literatura enfadonha.

4. Qual é sua relação com os leitores de seus livros de contos?
A maioria são meus amigos. Então, posso dizer que tenho uma relação boa. Não tenho milhares de leitores. Se algum dia isso acontecer, acredito que eu particularmente não terei relação direta com esses leitores, uma vez que eles estarão mais envolvidos com o universo das personagens. O escritor, na maioria das vezes (estou falando no meu caso) atrapalha o próprio livro. É quem menos pode opinar sobre o livro que escreveu. Principalmente porque, se o livro está escrito, não há absolutamente nada mais a dizer sobre ele. Se eu fosse vizinha ou amiga pessoal de um desses grandes (Salinger ou Kafka) jamais me atreveria a falar sobre literatura. Talvez um bom assunto fosse o cuidado que se deve ter ao trocar uma plantinha de vaso.

5. Você também orienta oficinas na Fundação Cultural de Curitiba. Você acha que é possível formar escritores ou escrever é um "dom", como uma marca de nascença?

Não sei muito bem. Mas tenho uma impressão de que não se escolhe ser escritor. É uma condição que vai se contribuindo de acordo com o modo de ver o mundo e a necessidade que sentimos de traduzir esse modo de ver. Mas a literatura é a arte que menos demanda em termos de material físico. Ao contrário da escultura, que exige que se tenha um grande bloco do melhor mármore; ou a pintura com suas telas e tintas e tudo o mais; a escrita só exige de quem escreve um lápis e um pedaço de papel. E hoje é a época em que mais se evidencia a verdade de que, sim, qualquer um pode se tornar um escritor. Os escritores que chegam às oficinas de criação literária sabem disso. E são bastante convincentes para provar que é simples ser um escritor. Mas a questão não está somente nisso. Escrever é uma baleia branca. Você vai sempre buscá-la. Mesmo sabendo que ela é maior que você. É angustiante.

6. Você já teve em suas aulas algum aluno com talento excepcional para a escrita, quase um "gênio", como se fala popularmente?

Não acredito em gênios. Acho que isso é uma especulação publicitária.Há alguns iluminados: Jesus, Buda, Einstein ou Darwin. Os talentos excepcionais podem muito bem não saber fazer um arroz. Então é tudo muito relativo. As artes e a ciência selecionam demais a sociedade como se somente aqueles que puderam propor um teorema de sua imaginação e provar como ela funciona é que sejam dignos de serem chamados de gênios. Um homem simples que viveu toda a vida quieto e sem expressar muitas palavras pode igualmente ser um gênio sem que ninguém tome conhecimento do fato. Isso sim me parece genial.

7. Que conselho pode daria aos novos escritores?

Escritores, não deem ouvidos para conselhos de outros escritores. Nenhum destes servirá pra vocês.

sábado, 19 de maio de 2018

FLORES I

FLORES I

perpassam
os sentidos
cinzelam
emoções
e enobrecem
os sentimentos.

Isabel Furini



sexta-feira, 18 de maio de 2018

Relógios



RELÓGIOS
protetores
do tempo
registram
os ternos
momentos

de amor
de amor

e eternizam
no livro
da vida
o código
do coração

Isabel Furini


sábado, 12 de maio de 2018

A MÃE


A MÃE
                                     "Ao colher uma colher de mel" - foi um exemplo que a professora Carmem Luiza Fillies criou em um curso de Literatura que ministrou em 2002, no Centro Filosófico Delfos. Meus agradecimentos.


ao colher
uma colher de mel
a mãe escolhe
os sabores da vida
plantas melíferas:
abetos, espinheiros
madressilvas, macieiras
e a carícia e o carinho
e o coração batendo
ao som do verbo AMAR.

Isabel Furini

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Flutuação

FLUTUAÇÃO

De repente se desprende um bloco de gelo
oculto na alma
(congelada entre lembranças)
e olhamos nosso rosto nas águas do tempo

nesse momento percebemos que antigos sonhos
que considerávamos mortos
ainda estão flutuando sobre o mar dos sentimentos.

Isabel Furini



sexta-feira, 4 de maio de 2018

A última maleta - poema de Isabel Furini


A ÚLTIMA MALETA

Não entendo – não entendo
o orgulho, a arrogância
o desejo estranho de socavar
a estrada dos outros
ou de derrubar anos de trabalho

pensemos:
somos prisioneiros da escura caverna
vivemos na Terra
e depois vamos
rumo a outras dimensões
de tempo e de espaço
com uma maleta de vidas antigas
queimando as mãos
e dentro da maleta
o ego vil, mesquinho, alienado...

Isabel Furini






quinta-feira, 3 de maio de 2018

Transformação - Poema de Isabel Furini


Fotografia de Isabel Furini tirada no Rose Garden, Califórnia, USA - 2018


TRANSFORMAÇÃO

Nos interstícios das pétalas
(segundo a misteriosa cabala)
existe a cor e a fragrância

nada expressa dissonância
dentro da alma da rosa

uma combinação alquímica
une paixão-beleza-harmonia
e transforma as rosas em poesia.

Isabel Furini


Fotografia de Isabel Furini tirada no Rose Garden, Califórnia, USA - 2018

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Certezas? - Poema de Isabel Furini



CERTEZAS?

Fogem as certezas e a boca se torna indecisa
e nesse mar de experimentações, análises e conjeturas
surge a pergunta:

como é possível que algumas pessoas tenham a certeza
do certo e do errado – sempre?

à noite, a Lua Cheia ilumina a parte escura de suas almas
e diminuem todas as certezas

às vezes (na solidão da noite)
até o mais arrogante dos homens
treme como uma criança indefesa.

Isabel Furini






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