domingo, 31 de dezembro de 2023

Feliz 2024!


Que 2024 traga

palavras amorosas e sorrisos

realizações

e sonhos renovados

que possamos abrir as asas

como as gaivotas 

quando alegremente voam sobre o mar


Isabel Furini

sábado, 30 de dezembro de 2023

O açoite das palavras - Poema de Isabel Furini

Imagem gerada pela IA do Bing

 

esta vida é açoitada

com o açoite das palavras


as palavras de ironia

as palavras desumanas

as cruéis, as violentas

as que ofendem e desprezam

e as palavras insidiosas

ou perversas, que envenenam

como mordidas de cobras

ou picadas de escorpião


se as palavras de ódio

azedam o mel do coração

será preciso urgentemente

curar lesões profundas

domesticar as emoções

e  carregar sobre os ombros

o substantivo AMOR!

domingo, 24 de dezembro de 2023

A porta (Poema de Isabel Furini)

Imagem gerada pela IA do Bing

A Porta 

Isabel Furini


existe uma porta que separa os anos 

:anos de alegria

anos de tristeza 

anos 

anos 

anos 

anos de trabalho 

anos de incerteza 

além dessa porta 

existem imagens 

sorrisos e traumas 

existe o passado que é renovado 

a cada abordagem 

contamos histórias de nosso passado 

como um tornado 

lembrado em palavras 

os fatos se afastam e mudam de rosto 

o ontem é composto das ondas do mar 

no final do ano olhamos a balança 

gratos percebemos 

:

além dos pequenos fracassos

dos tombos, do pranto

estamos em pé, pois sobrou a ESPERANÇA 


sábado, 23 de dezembro de 2023

Isabel Furini: Poesia de Natal

Imagem gerada pela IA do Bing

Poesia de Natal

A Poesia é uma pantera-negra
que se suicida todos os dias depois do meio-dia
mas renasce triunfante
perambula por cidades desconhecidas
buscando rimas para reestabelecer
a ordem deste mundo 

o Natal surge e desamordaça emoções
semeia flores
poetiza cidades e mares
desperta sorrisos
e lota de esperança os corações.

 Isabel Furini

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Típico do Natal

Imagem gerada pela IA do Bing


Natal é sentir
no jardim, a fragrância do jasmim
na cozinha, o cheiro do peru
assando devagarinho
e ver na sala, a árvore enfeitada

Natal
é conjugar o verbo amar

Isabel Furini

domingo, 17 de dezembro de 2023

Espectros nos terraços (Poema de Isabel Furini)

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À meia-noite chegam em bando, os fantasmas

os frenéticos fantasmas que se divertem

açoitando os telhados

falando com as gárgulas

dançando nos terraços


chegam feridos pelas falsas palavras

que conspiram

- los fantasmas desprezam as vozes 

daqueles que possuem um coração

habitado pelas sombras

e uma boca coberta de mentiras


tornou-se este mundo um paradigma do absurdo

no qual as mentiras respiram sem medo

enquanto as verdades aquadas e feridas

(órfãs de palavras, sem defesa)

escondem-se entre os fantasmas

e dançam nas ruas, nos terraços

e nos abismos da vida.


Isabel Furini

Este poema foi publicado na 12º Edição da  Revista Escriba

https://issuu.com/tirodeletrased/docs/revistaescriba_12_ed_black_interativo?fbclid=IwAR1ZHqXjz0_qxxxGeJe1ly4S8PNhcTSgAKPZ9doHomukoS4LehhPYWOCMTs 

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Graciela Pucci: Distopia (Cuento en Castellano)

 

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Las alas del amanecer desperezaron los párpados de Eugenia, obligándola a dejar atrás algunas imágenes de un sueño tenebroso.

Los   ojos   de   la   habitación   permanecían   cerrados,   la   oscuridad   era   apenas penetrada por la luz de afuera.

La   música   con   acordes   de   lluvia   trepó   a   sus   oídos   invitándola   a   seguir disfrutando   de   las   imágenes   enredadas   en   su   sueño,   pensó   que   serían apropiadas para algunos de sus cuentos. 

Acomodó la almohada, abrazándola, se disponía a dormir, pero el sonido del teléfono celular no se lo permitió.

No quería abandonar la calidez de su nido-cama-almohada, pero a la vez la curiosidad la ganó.

Tomó el celular, apenas pudo ver sin sus lentes, tenía un mensaje de alguien que no figuraba en sus contactos. No le dio importancia, se acomodó y quiso volver a dormir.

No pudo.

Los acordes de lluvia fueron acompañados por aullidos de viento y la música se tornó un sonido ensordecedor.

Definitivamente abandonó la idea de volver a zambullirse en las imágenes que tanto la habían motivado.

Se acordó  del   mensaje   en   el   celular, con los anteojos  puestos   lo   leyó.   De pronto   reparó   en   la   foto   del   perfil,   estaba   demasiado   pequeña   como   para reconocerla, pero estaba segura de que era él. Sí, definitivamente, al agrandar la   imagen,   vió   que   era   Rolando,   quien   le   preguntaba   si   ella   había   estado caminando por la calle Florida, que el día anterior le había parecido verla, que por eso le había escrito.

El   texto   del   WhatsApp   era   distópico,   comenzaba   con   un   “che”,   sin   saludo previo, ni un “cómo estás, tanto tiempo”. 

Eugenia dejó el teléfono, se desperezó, por un rato siguió escuchando el rumor de la lluvia devenida en llovizna. Un día así invitaba a quedarse en la cama. No estaba  segura   si   responder el   mensaje,   pero  finalmente  escribió:  ¿sabés   a quién le estás enviando esto? Porque yo no estuve en la calle Florida, habrá sido un clon o tal vez un holograma.

La   respuesta   de   Rolando   fue   inmediata   y   autorreferencial,   contando   sus pesares, sin preguntar siquiera cómo había sido la vida de ella en esos quince años transcurridos sin comunicación alguna.

Eugenia se quedó mirando el celular por unos instantes, luego lo arrojó a un costado, se preguntaba cómo tanto tiempo de silencio se había sintetizado en ese mensaje.

 Volvió a tomar el teléfono y eliminó el chat.

El viento sur, danzando con las gotas de lluvia, ayudó a borrar definitivamente todo vestigio de la historia vivida con Rolando hacía más de veinte años y que, lamentaba, ese mensaje había llegado como basura a su mente.

Eugenia  abrazó  la  almohada,  acunada  por  el  rumor  del  clima  de  otoño  en primavera, tratando de continuar con el sueño interrumpido.Intento que no fecundó, de un salto llegó hasta su computadora, la encendió y comenzó a escribir ese nuevo cuento. No necesitó recordar las imágenes, un mensaje de WhatsApp resultó ser más motivador que el sueño tenebroso.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

O jardineiro e a morte (Poema de Isabel Furini)

Imagem gerada pela IA do Bing

 

O JARDINEIRO E A MORTE


Açoita o vento

dançam as pétalas - é primavera

o jardim recebe água, adubo

e o sorriso do jardineiro

ele tem no bolso direito

o bispo, a rainha e o rei

de madrugada,  com a morte joga xadrez

e todos os dias ele ganha


mas num escuro canto do jardim

a Morte guarda a gadanha


uma aranha estranha tece

tece

tece

tece

destinos

de repente, a aranha desacelera

finaliza o tecido e cai morta

o jardineiro sente que sua alma esmaece


de madrugada

o jardineiro joga xadrez com a morte

e percebe que seu jogo está perdido

da palma da mão sumiu a linha da vida

perdeu a linha do destino

solta um agudo gemido

e seu espírito retraído voa para aquele jardim

a morte está lá

esperando-o perto do jasmineiro

corta um jasmim e oferece para o jardineiro

e ele compreende que a vida não tem fim.


Isabel Furini

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

O papagaio e as araras (Poema de Isabel Furini)

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O papagaio e as araras

Era um papagaio alegre,
gostava muito do mar
e todos os dias falava:
-Amanhã irei navegar.

E um dia, decidido,
alugou um barco a vela.
Achando-se muito sabido,
ele rejeitou o barqueiro.

Encalhou em uma ilha
e decidiu passear.
A ilha tinha coqueiros,
e o papagaio decidiu ficar.

Fez amizade com as araras,
duas irmãs hospitaleiras.
Elas mostraram a ilha,
mas falaram: tenha cuidado.

Perto morava uma jiboia
que adorava comer aves.
- Venha, papagio, venha.
Gritou a jiboia danada.

E as araras gritaram:
- Vamos voar, camarada!
O papagaio e as araras
voaram para outro lado da ilha.

E o papagaio falou:
-- ainda brilha o Sol,
minhas amigas, vou embora.
Voltarei para minha casa.

A arara azul o abraça
e disse com carinho:
- Quando quiser passear
venha, agora somos amigos.

Isabel Furini
Poeta e escritora - e-mail: isabelfurini@hotmail.com



terça-feira, 21 de novembro de 2023

Transparente - Poema de Isabel Furini

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Transparente


o fim é transparente

(não existem conclusões ambivalentes)

a caminhada sempre é um misterio

mas ao final todos os seres humanos

terminam no cemitério.


Isabel Furini

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

O sonho de Guilhermina (Poema infantil)

 

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O sonho de Guilhermina


Guilhermina sonhou

com um mundo mágico.


Tudo era alegre,

nada era trágico.


O sol alegrava a cidade

e era respeitada a diversidade.


Não tinha guerras,

todos eram fraternos,


e ninguém precisava

vestir um terno.


Nos jardins coloridos

voavam as borboletas,


entre os grandes abacates

e as flores de chocolate.


Perto dos pessegueiros

havia muitos caquizeiros.


Nesse mundo havia fadas

e era muito feliz a criançada.


Isabel Furini

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Além da Ilusão - Isabel Furini

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Além da ilusão



Falam que o amor é um sentimento lindo

- as pessoas romantizam

pois o amor é quase um guerreiro viking

invade os corações

as emoções geometriza

diminui a razão

desindividualiza

faz sonhar com a união de duas almas

(união geralmente precária)



o amor é a simples sombra de dois corações

projetada sobre uma parede de papel

Isabel Furini

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

O Número 1 - A Eternidade

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O Número 1 - A Eternidade

um sonho ancora na garganta
e como uma gaivota faminta
rejeitando peixe com pimenta
é transformado no número 1

(1 sonho
1 ponto
1 círculo)
o alento único
da eternidade
o número 1, divisível só por si mesmo
ecoando a unidade
nos 100 bilhões de estrelas da Via Láctea
- o número 1 é independente
mas compõe todos os numerais
como a eternidade que reflete
em todas as divisões do tempo

e na metamorfose da lagarta
no perambular da borboleta
no canto das gaivotas
e no crocitar dos corvos

Isabel Furini

Imagem gerada pela IA do Bing


segunda-feira, 6 de novembro de 2023

O que é Poesia? - Poema de Isabel Furini

Imagem da IA do Bing

 O que é Poesia?


A poeta responde

com calma:

- Poesia

é uma marca d’água

no espelho da alma.


Isabel Furini

sábado, 4 de novembro de 2023

Conflito armado (Poema de Isabel Furini)


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Conflito armado

Em ambos os lados
silêncio de pássaros
auroras rasgadas
tristeza e espanto

em ambos os olhos
os mortos e o pranto

em ambos os lados
corações em guerra

em ambos os lados
corações fraternos
que sonham com a paz

paz
paz paz paz
paz paz paz paz paz
paz paz paz paz paz paz paz
paz paz paz pazpaz paz paz paz paz
paz paz paz paz paz paz paz paz paz paz

Isabel Furini

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Festa de Halloween - Poema de Isabel Furini

 


Festa de Halloween

Isabel Furini


Quando chega o Halloween

todos festejam no jardim.

Convidam lobisomens,

bruxas, vampiros e zumbis.


Os lobisomens gostam de uivar

e os zumbis gostam de cantar.

As bruxas e os vampiros

são grandes dançarinos.


A festa fica animada,

o bicho papão bebe suco de limão.

Os fantasmas se divertem

com as estrelas cadentes.


A múmia olha o Saci

e fala que ele é maluco.

O Saci nem contesta,

ele está bebendo um suco.


Os fantasmas sabem voar

e sabem ficar invisíveis.

Eles alegram a festa,

pois são imprevisíveis.


**


domingo, 29 de outubro de 2023

Aprendiza - Poema de Isabel Furini

 

Imagem gerada pela IA do Bing

A aprendiza


ela sorri enquanto oculta

a palavra traição

sob a sombra das tesouras


a aprendiza

começa a costurar linhas transgressoras

que avançam e reinventam o espaço

na textura do tecido


ela guarda

agulhas, fios, fitas, alfinetes

mas deixa as tesouras sobre a mesa


a velha costureira olha o rosto da aprendiza

e murmura

:

pena que a palavra perdão

(pelo ódio açoitada)

está em um canto

esquecida

pois sem o perdão

o amor escorrega para a terra do nada.


Isabel Furini

(Poem publicado na Revista Sucuro Nº 20

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Cozinhar e Poetizar - Poema de Isabel Furini

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Cozinhar e poetizar

                               Isabel Furini

A comunicação se dá via e-mail

compartilhamos versos e, às vezes,

receitas de cozinha

Rosa gosta de cozinhar, eu não

mas somos amigas

e para manter nossa amizade

procuro nos sites receitas de cozinha

e finjo interessar-me na maneira correta

de cortar cebolas e tomates

sou péssima na cozinha

minha mãe me odiava por isso

meus filhos sofreram

por essa incapacidade minha 

de ser chef de cozinha

não sinto prazer em cortar tomates

mas sinto prazer em reler meus poemas

e cortar palavras inócuas

não sinto prazer em misturar sabores

mas sinto prazer em misturar palavras

ao acaso – palavras como presença

e ausência, palavras como medo e noite

minha amiga gosta de cozinhar estrogonofe

eu gosto de cozinhar versos

ela é uma ótima cozinheira 

e sempre está atenta para aprender pratos novos

eu sou simplesmente poeta

e sempre estou atenta às emoções 

e, às vezes, em versos choro lágrimas alheias

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Isabel Furini: Uma vírgula


Imagem gerada pela IA do Bing



Uma vírgula?


pergunto ao meu ser interior

:

será possível que eu seja menos que nada?

talvez só uma vírgula observando estrelas

ou uma imagem alada

flutuando suavemente sobre uma almofada


Isabel Furini

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Ser Poeta (Poema de Isabel Furini)

 

Imagem gerada pela IA do Bing

Ser poeta
                Isabel Furini

é ter poemas guardados nas gavetas
da mente
e na hora do ocaso ou da aurora
simplesmente
cuspir metáforas sobre a linha do horizonte
e guardar na caixa de Pandora
ao lado da esperança
as intensas palavras que dançam
e poetizam a vida


terça-feira, 17 de outubro de 2023

Vinho (poema de Isabel Furini)

 

Arte digital de Isabel Furini
O VINHO


no vinho

permanece ativa

a substância 

das uvas

que deu origem

aos sonhos de Dionísio

e ao teatro


no cálice

dormem a alegria

das uvas

e os risos 


nos lábios

o vinho acorda

o sabor do pecado.


Isabel Furini

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Ego-mania - Poema de Isabel Furini

 


Ego&mania

Isabel Furini


o som de um tambor

quebra a monotonia da manhã

o ego (assustado)

precisa de um afago

o som do tambor revela

que o ego é um troglodita mimado

quer ser alimentado sem descanso

o ego precisa do elogio demorado

do aplauso, exige carinho

quer ser notado

quer se impor 

como o som de um tambor

a palavra que o guia é autossatisfação

o ego nasceu rei - um leão mimado

ele quer ser amado

mas nunca pensa em amar

nem em compreender

nem em valorizar

aqueles que estão a seu lado

*

sábado, 7 de outubro de 2023

O lugar da mulher? (Poema de Isabel Furini)


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O lugar da mulher?

                     Isabel Furini

é na cozinha

cozinha

cozinha

cozinha

sim, na quimérica cozinha das Musas

com alcaparras, sal e champignon

a mulher tempera os versos perversos

e suaviza os destinos adversos

a mulher saboreia

vinho branco Meursault Clos de la Barre

(um vinho encorpado, salino, acetinado)

enquanto escreve um poema 

e na hora do Angelus 

a sua alma como vinho envelhecido

voa sobre um mar de sonhos



sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Poema: Viva a primavera! (Poema infantil de Isabel Furini)

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Vamos todos desenhar

lindas flores nas janelas.

Vamos alegres cantar,

pois chegou a primavera.


A primavera chegou

com flores e borboletas.

Na praça um músico cego

está tocando trombeta.


Na televisão, o palhaço

fica fazendo piruetas.

As crianças estão contentes

e  dançam alegremente.

Viva! Viva a primavera!


Isabel Furini

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Território ilusório - Poema de Isabel Furini

 

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Território ilusório
                    Isabel Furini

...E se choro, lavo o rosto
nunca deixo vestígios

pois a vida é um quebra-cabeças
que não admite erros
nem covardia
e nos labirintos dos dias
preciso olhar-me no espelho da noite
e da solidão
e se alguma parte do rosto
foi dilacerada pela angústia
é imperioso modelar novamente
e cobrir os buracos emocionais
com a pele arrancada dos tornozelos
costurando-a com a luz das estrelas
pois minha alma imortal
deixa suas pegadas
nas areias do mundo
e de manhã o canto dos sabiás
cerzem as ilusões rasgadas

eu sinto que sem esperança, sem ilusões
nada sou - não sou nada.

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

O Bordado (Poema de Isabel Furini)

 

Imagem gerada pelo IA do Bing
O BORDADO


as gárgulas das horas

trazem lembranças tóxicas

e acoitam as almas

enquanto  bordam

nas almofadas dos sonhos

e em angustiantes poemas

os barcos afundados

no rio Estige


o vento sibila

tremem os poemas

arranham a vida

e se multiplicam os pesadelos.


Isabel Furini




domingo, 16 de julho de 2023

Intenções - Poema de isabel Furini

 



Intenções

O
dono
da
mão
que
doa
o
pão
não
quer

aplacar
a
fome
do 
mendigo

quer
rasgar
o
véu
pular
etapas
e
chegar
ao
céu.

Isabel Furini

sábado, 15 de julho de 2023

O canto do pássaro azul (Poema de Isabel Furini)

 

Imagem gerada pela IA do Bing 



Canto do pássaro azul


Cada vez que na janela das ilusões
canta o pássaro azul
sonhos antigos são renovados
brancas borboletas
pulam de minhas mãos
e uma sombra costurada a meus pés descalços
começa a dançar flamenco
criando gretas nos muros do passado

o canto do pássaro azul
tem o poder de vivificar sonhos mortos

Isabel Furini

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Corpo e alma (Poema de Isabel Furini)

 

Corpo e alma

Nada sei desse céu
que contempla a eternidade
pois como humana
sou corpo e alma
um corpo que obedece ao tempo
(minutos, horas, dias, anos)
e uma alma que foge dos triviais inventários
rasga mordaças
e se alimenta de sonhos temerários
pois tem sede de céu e de infinito

Isabel Furini

**

domingo, 9 de julho de 2023

Brinquedos (Dois poemas de Isabel Furini)


Imagem gerada pela IA do Bing

Imagens e lembranças

O olho de um leão de pelúcia
o sapatinho de uma boneca antiga
as asas de um aviãozinho de madeira
os trilhos de um trem quebrado
imagens que me atingem
como um tornado
atinge uma cidade dormida

possuo um ego maníaco
que  ancora
imagens, emoções e lembranças
nos cantos do músculo cardíaco.

Isabel Furini

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Brinquedos no porão

No porão, onde dormem os brinquedos
antigos (a boneca sem um braço,
o carrinho sem rodas, o trem quebrado)
a umidade incentiva fungos e lembranças
dos interstícios das paredes
o passado espreita
chovem imagens da época de criança
a vertigem do ontem cria redemoinhos
cada ser humano tem as suas lembranças
a sua trajetória
a sua história
escrita com fogo nos cantos da memória

Isabel Furini

segunda-feira, 3 de julho de 2023

A faca de prata (Poema de Isabel Furini)

 

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A faca de prata


Com uma faca de prata

cortar as cerejas maduras

e fragmentar as canções

que encantam e cativam a alma

– a alma é cereja vermelha

que emana paradoxos

e morde os calcanhares

na busca alucinada

das respostas

ocultas nos poemas

e nos escaravelhos de esmeraldas

- nos dias de Lua Cheia

cada poema selvagem

pendurado na linha do horizonte

é rasgado em dois com uma faca de prata

cada poema cuspe ondas de emoções

e revela a respiração dos anjos

e dos seres do submundo, a respiração opaca.


Isabel Furini

Poema publicado na revista Totem&Pagu, em 20/01/2022

domingo, 11 de junho de 2023

Bullying - Poema de Isabel Furini

 



Bullying


a pessoa tóxica tem necessidade
de alimentar seu ego
(gigantesco)
precisa desprezar os outros
para sentir
um pouco de conforto

e se consegue humilhar outrem
sente-se importante
poderosa
respira sua própria majestosidade

enquanto inferioriza a sua vítima
sua soberba se eleva da planta dos pés
até a cabeça erguida
onde exibe uma coroa invisível
ornada com brilhantes pedras coloridas
de crueldade

a pessoa tóxica se sente valorizada
desvalorizando os outros
precisa ser a agressora
para não olhar-se no espelho da verdade
pois revelaria que seu valor é muito escasso
e que são terríveis os próprios fracassos

Isabel Furini



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terça-feira, 30 de maio de 2023

Antonela - Poema de Isabel Furini

 



Antonela

envelheceu a paixão
e ficou silenciosa como um muro

sentiu-se abandonada Antonela
e somatizou na pele
as chicotadas da indiferença
passou a habitar as cavernas do tédio
e das lembranças
as lembranças devoraram as distâncias
e permaneceram ancoradas
(caoticamente)
no quarto de um fantasma

Antonela analisou as memórias
de sua mente
e compreendeu
que o fantasma era ela.

Isabel Furini

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Francesca Woodman (Poema de Isabel Furini)

 





Francesca Woodman


fotografava os espelhos do destino
os rompantes emocionais
os suicídios clandestinos

o seu eu ilimitado fugia
do olho da câmera e reaparecia
com contornos indefinidos

nas fotografias, Francesca
imprimia um tom soturno
e redescobria a sua essência

enquanto o drama sacudia a sua alma
ela cinzelava imagens
nos eternos palcos da psique.

Isabel Furini
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sexta-feira, 26 de maio de 2023

Sou uma barca - Poemas de Isabel Furini

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Sou uma barca
Isabel Furini


Não posso viver comigo, nem posso fugir de mim.” Sá de Miranda


Sempre vivi à margem das coisas
vivi meu tempo em um não tempo
em um espaço vazio
cheio de sonhos
- eu deslizei pelas margens desse mundo
e auscultei a alma do silêncio


sou uma barca sobre as escuras
águas de um rio turbulento
as vezes sou palavra
as vezes sou silêncio
e já fui rosa e musgo e pássaro e arena do deserto


sinto que eu sou oriunda de outras geometrias
de mundos paralelos
e as vezes… as vezes sonho
(sem perverter minhas horas)
e como a ave Fênix
(renovada)
voo sobre as altas montanhas
e volto a meu universo nas asas do silêncio





Ao Luar - Poema de Isabel Furini

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Ao luar

Isabel Furini

o corvo crocita no campo de milho
enquanto a Lua brinca
com o inquieto mar
o Tempo (sempre poderoso)
chicoteia
os relógios
– o som do chicote reverbera
na bussola de madeira
pendurada na branca parede ruíndo
da casa de madeira
enquanto prepara um chá quente de canela
o filósofo observa a bússola
e pensa na transitoriedade
da existência humana





Una foto para el álbum - Poema de Isabel Furini

 



UNA FOTO PARA EL ÁLBUM

Isabel Furini


el impacto de una piedra

y el cuerpo y las plumas ensangrentadas

quedan ancladas sobre el piso de baldosas


el pájaro inmóvil tiene un ojo reventado

indefenso y sin vida

parece una roca esculpida por el destino


el niño y su padre 

se aproximan del pájaro que asesinaron

la madre hipocritamente

lleva una cruz de oro al cuello

(recordación del sufrimiento de Cristo)


ella abre la cartera, busca el celular

y saca una fotografia vagabunda

para el álbum familiar


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El eremita - Poema de Isabel Furini




EL EREMITA

                Isabel Furini

avanzan los espectros 

empujados por los vientos

e invaden

la torre de la soledad


dentro de la torre

un viejo eremita

medita

mientras su sombra

suavemente levita


un rayo de Sol

entra por la ventana

y la sombra

decapita al eremita

quiebra la ventana

y huye con los espectros


em la vigésima hora

el eremita recupera su cabeza

y resucita

imediatamente cogita

salir de la torre de la soledad


Publicado en la revista Herederos del Kaos - Arte y Literatura, el 27 de enero de 2022

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quarta-feira, 10 de maio de 2023

O crocodilo e a noiva











A noiva e o crocodilo

Uma menina bonita
morava ao lado do rio
e ela se fez amiga
de um pequeno crocodilo.

A menininha cresceu
e o crocodilo também.
Ela o alimentava,
o crocodilo comia bem.

Chegou o dia esperado
da menina, já mulher,
um vestido de noiva,
para casar-se, escolher.

A noiva estava bonita
e a festa muito divertida,
quando entrou o crocodilo
e no bolo deu uma mordida.

Todo mundo ficou assustado,
pois pressentiram o perigo.
Alguns fugiram pela janela
outros, buscaram abrigo.

A noiva gritou: " -Calma, gente!
Esse crocodilo é meu amigo,
além de muito inteligente."
E a festança continuou.

A orquestra tocou lambada,
O crocodilo dançava e cantava.
A noiva, o noivo e o crocodilo
dançaram até de madrugada.

Isabel Furini

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quinta-feira, 27 de abril de 2023

Maçã dançarina - Poema Infantil de Isabel Furini





A maçã caiu de uma árvore,
Sentiu-se livre a maçã
E seguindo o ritmo do vento
Ela começou a dançar.

A maçã tinha talento,
Sabia seguir o ritmo do vento
E também bailar chachachá.
Depois começou a dançar samba.

Ela não conseguia parar...
A maçã somente deitou
De manhã, quando o Sol nasceu.

Mas a maçã ouviu o canto
Dos pardais e continuou dançando
Perto dos milharais.

Isabel Furini

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Núcleos - Poema de Isabel Furini

 





NÚCLEOS

à esquerda, a gadanha da Morte
estraçalha ilusões
à direita, o martelo da rima
entorta
os perversos versos do pântano
no alto, a geometria da vida
ausculta a noite e examina os dias
transformando a Poesia
em açoite do mundo

Isabel Furini

O poema NÚCLEOS foi publicado na revista Acrobata em 10 de agosto de 2021.

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quarta-feira, 19 de abril de 2023

Participe gratuitamente da coletânea Lembranças de Família

 



Buscamos para esta Coletânea histórias de Famílias que nos remetem a bons e maus momentos.  Compartilhe conosco esses momentos... Os textos poderão ser de qualquer gênero (Poesia, Cordel, Trova, Haikai, Conto, Crônica, Roteiro, etc.), pois o objetivo é termos uma obra “monotemática e multiestilo”.


Atenção:

- Dúvidas relacionadas a esta Coletânea e seu regulamento poderão ser enviados para o e-mail: apparere@perse.com.br

Objetivo:

Estimular a produção literária brasileira, valorizar novos talentos e dar visibilidade aos Escritores, Poetas, Contistas, Cronistas e etc.

Considerando que a participação é Gratuita, objetivamos ter uma grande quantidade de inscrições de modo a podermos fazer uma seleção de obras com altíssima qualidade.


Inscrições:

- As inscrições deverão ser feitas única e exclusivamente através do preenchimento do formulário,no final da página: 

http://www.apparere.com.br/regulamento-coletanea-lembrancas-de-familia.aspx


- Poderão participar Escritores, Poetas, Contistas e Cronistas maiores de 18 anos de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil ou no exterior com documentação brasileira, e seus trabalhos deverão ser obrigatoriamente escritos em língua portuguesa (o que não impede o uso de termos estrangeiros no texto).

- Os participantes farão seus cadastrados no formulário de inscrição abaixo, nesta página.

Selecionaremos um mínimo de 50 participantes para esta Coletânea e esse número variará em função da qualidade de obras inscritas.

- Autor deverá usar seu nome legítimo (verdadeiro) no cadastro, entretanto, se desejar, poderá utilizar seu nome artístico ou pseudônimo na publicação da Coletânea, para isso deverá colocá-lo junto ao texto enviado.

- Cada participante poderá inscrever uma única Obra por Coletânea, podendo participar de outras Coletâneas.

- A temática da Obras deverá estar em linha com o tema da Coletânea com o objetivo acima definido, sendo que a criatividade e imaginação do escritor darão o toque e estilo ao trabalho.

- Não há exigência de que a Obra (poesia, conto, crônica, etc.) seja inédita, podendo já ter sido publicada, exceto em outra Coletânea do Projeto Apparere.

- É de inteira responsabilidade do Autor a correção ortográfica/revisão do texto ou textos enviados para esta Coletânea, sendo este inclusive um dos critérios de seleção. Desta forma não será feita nova revisão do texto.

- As Obras (poesia, conto, crônica, etc.) deverão conter título, sendo que a não observância dessa exigência excluirá a Obra da avaliação.

- As obras inscritas serão analisadas e selecionadas mediante avaliação de profissionais nomeados pelo Projeto Apparere, cujas decisões serão soberanas e irrecorríveis.

- O envio do texto será feito única e exclusivamente através desta página, através do formulário abaixo.

- A obra deverá estar em arquivo?Word(.doc ou .docx) fonte Times New Roman ou Arial, tamanho 12, com espaçamento simples e ter no máximo 5 (cinco) páginas padrão do Word (A4).?


Custos de Participação:


- A participação nesta Coletânea  será Gratuita.

- Também não há nenhuma obrigatoriedade de aquisição nem de exemplares e nem de serviços oferecidos pela Apparere e/ou pela PerSe.


Divulgação e Lançamento da Coletânea:

- O Lançamento da Coletânea será Online, com uma data para início das vendas dos livros.

- Antes do Lançamento será feita campanha de divulgação, contendo:

    . E-mail Marketing para a Base de clientes da Apparere e da PerSe.

    . Banners e nosso site.

    . Divulgação através de nossas Redes Sociais.

    . Assessoria de Imprensa.

    . Envio de Material de Divulgação aos Participantes para que esses divulguem em suas Redes Sociais e através de e-mail aos conhecidos.




Cronograma Geral da Coletânea:

- Final das inscrições: 09/05/2023

- Divulgação aos selecionados: 25/05/2023

- Data de Lançamento e Início das Vendas: 09/06/2023



terça-feira, 18 de abril de 2023

O ratinho pintor (Poema infantil de Isabel Furini)

 


O ratinho era pintor.
Ele queria pintar
a palavra amor.

O ratinho procurou uma flor
de pétalas vermelhas
e manchas de cor marrom.

O ratinho preparou uma tela|
e copiou essa flor
(que era vermelha e marrom).

E no centro dessa flor
escreveo a palavra AMOR.

Isabel Furini

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Origens - Poema de Isabel Furini

 


Origens


os ventos da vida transitam sobre os jardins

e agitam as cores de todas as flores

os seres humanos observan as flores

mas são aprendizes 

e ignoram que a fraternidade e a crueldade

dormem nas raízes


Isabel Furini



Arte digital de Isabel Furini


terça-feira, 28 de março de 2023

Ex - Poema de Isabel Furini





EX


quando morre o amor 

a vida se transforma em zona de antimatéria

são inúteis seus passos 

pela casa vazia 

pela rua deserta 

pelo universo indiferente


Isabel Furini

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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Nefasto mercúrio (Poema de Isabel Furini)

 


Mercúrio
nas águas
mercúrio
no ar
mercúrio
no solo
mercúrio
nas plantas
mercúrio
no corpo
mercúrio
nos gritos
das crianças
famintas

mercúrio
na alma daqueles
que proclamam
que a desnutrição
é porque os yanomamis
só comem verduras
peixes e feijão...

Isabel Furini

Obra de Renato Martins Dias



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