quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

O jardineiro e a morte (Poema de Isabel Furini)

Imagem gerada pela IA do Bing

 

O JARDINEIRO E A MORTE


Açoita o vento

dançam as pétalas - é primavera

o jardim recebe água, adubo

e o sorriso do jardineiro

ele tem no bolso direito

o bispo, a rainha e o rei

de madrugada,  com a morte joga xadrez

e todos os dias ele ganha


mas num escuro canto do jardim

a Morte guarda a gadanha


uma aranha estranha tece

tece

tece

tece

destinos

de repente, a aranha desacelera

finaliza o tecido e cai morta

o jardineiro sente que sua alma esmaece


de madrugada

o jardineiro joga xadrez com a morte

e percebe que seu jogo está perdido

da palma da mão sumiu a linha da vida

perdeu a linha do destino

solta um agudo gemido

e seu espírito retraído voa para aquele jardim

a morte está lá

esperando-o perto do jasmineiro

corta um jasmim e oferece para o jardineiro

e ele compreende que a vida não tem fim.


Isabel Furini

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