OSCILANTE
quero
procurar a essência
e fugir das reticências…
mergulho
no oceano dos verbos
e evito os queixumes
minha vida
faz lembrar de vaga-lumes
e substantivos
luzes piscantes
e palavras
que se acendem e se apagam
na escura noite da alma.
Isabel Furini
As tecelãs
Cheia de sonhos
a Lua tira os véus, fica nua
beija as águas e a areia
assobia com as sereias
chamando as ondas do mar
depois a Lua passeia pela cidade
e ajuda a tecer
teias de versos
os versos nobres e os perversos
que circulam pelas veias
da velha tecelã-poeta.
Isabel Furini
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O verbo pensar
poderoso é o verbo pensar
ilumina
sentimentos opacos
e elimina o ânimo fraco
acorda a esperança
e fecha o buraco da desolação.
Função da Arte
sedutoras
as cores das flores
avassaladora
a penumbra da alma
usurpada
a visão da beleza
surge a tristeza
a arte é baluarte
restabelece a visão da alma
outorga clareza
e suaviza
nossas asperezas.
Isabel Furini
A TRÍPLICE LUA
é amiga das mulheres
satélite de nosso planeta
às vezes acorda o medo latente
outras vezes incentiva o beijo
amável ou impertinente
a Lua é sempre um mistério
chamada rainha dos céus
feiticeira de escuro véu
a tríplice sagrada Lua
é rainha, caçadora e ser espectral
portadora de duas chamas e uma chave
ela é a protetora do mundo astral
a Lua pode navegar no mar
ou beijar as gárgulas sentinelas
quando está cheia, completa
a Lua inspira artistas e poetas.
Isabel Furini
Triste é o apego…
mais triste
ainda
quando o raciocínio soçobra
e o ego do autor
fica maior que sua obra.
A porta do medo
o musgo da paixão
aderido à mente
aranha a epidermes da Lua
mas a paixão é um ser transitório
e demente
a sua essência é impermanente
e escorrega
pelas cordas da razão
fugindo das ondas do silêncio
e da solidão
a paixão é um ser obscuro
gera alienação
é preciso abrir a porta da cela
do medo
e procurar entre as estrelas
o poder do amor.
Isabel Furini
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A ROSA VAIDOSA
Se a Lua beija uma rosa vaidosa
torna-a venenosa
envelhece a rosa
e essa postura desastrosa
empurra-a para o poço da solidão
pois a beleza é passageira
- eterno é o amor.
Isabel Furini
vermelhas rosas
do passado
- rios de culpa e de sangue
atordoando o presente
com seus rugidos
e com lembranças
de um doido amor
já banido do coração.
Isabel Furini
Depois da tempestade
De noite contemplo as estrelas
e as flores durante o dia.
Sou vendaval e cordura.
Do tempo rasgo as redes,
derrubando as paredes
da inércia e da depressão.
E ao cantar uma canção,
percebo livre a mi alma
e sinto o amor de Deus
devolvendo-me a calma.
Iabel Furini
Labirinto interior
Escalou a montanha da poesia
e sentiu
a respiração das gárgulas
e olhou os anjos entre as nuvens
e deixou que a sua alma
pernoitara
no labirinto do Minotauro
sem a luz das estrelas
enfrentou flechas de palavras
lambuçadas de mistérios
e ouviu o canto de um pássaro azul
de repente
compreendeu que no interior
de sua alma coexistiam
gárgulas e anjos
e percebeu que ele não era um poeta
sonhando com o labirinto do Minotauro
ele era um Minotauro
sonhando ser poeta
um Minotauro prisioneiro no labirinto do espaço-tempo.
Isabel Furini
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| Quaadro de Pablo Picasso |
