quinta-feira, 8 de junho de 2017

NOSSA FACE NO FACEBOOK SERÁ REAL? - Crônica de Isabel Furini


Eu tenho uma dúvida e gostaria de opiniões sobre o assunto: alguém sabe por que no Facebook as pessoas colocam insistentemente frases maravilhosas que ninguém consegue vivenciar? Porque AMAR é maravilhoso, e meu coração se divide em duas partes, amor e mais amor, e sempre o amor. Tem dias em que você acorda bem, tudo está certo, os caminhos estão abertos... Mas todos temos nossas idas e voltas, nossas voltas e idas...

    Todos temos um dia de mau humor, sem sol, carranca de proa em nossas vidas que parecem sem destino. Penso às vezes que o Facebook foi uma iniciativa do mundo dos anjos. Sim, porque humanos têm alegrias e tristezas. Mas na internet todos são maravilhosos, todos estão sempre lindos, felizes, de bem com a vida, indo ou voltando da Europa, onde a viagem foi fascinante, com passeios incríveis, com festas glamourosas, olhares iluminados (desculpem, é o olhar do Photoshop).  Realmente, parece que todos são anjos de amor!


Será esta face verdadeira? Por fim, a humanidade conseguiu dar um passo rumo ao paraíso? O mundo melhorou ou estamos nos enganando? Será que aqueles "anjos" que escrevem no Facebook nunca acordam de manhã, vão até a garagem e descobrem que o carro não está mais? Ou que está com problemas e que não poderão usá-lo? O mundo “glamouroso” de um personagem, digamos, João, que  precisa falar com o chefe, acalmar-se, ser objetivo. Que precisa se controlar para não brigar com a secretária, que criticou sua roupa. (“Safada, o que ela sabe de moda?”) Ou então com aquele novato que está doente (ou fingindo) e soma o trabalho dele ao trabalho do João. João aproveita para falar com o gerente sobre esse pobre homem, sugerindo que seria melhor para o doente procurar outro emprego, pois não está preparado para enfrentar os desafios que a empresa exige.

Mas entendemos. João faz isso para ajudar esse pobre homem doente. Isso é amor universal – e justiça também, num mundo que tem tantas pessoas preparadas para desafios e que podem ocupar esse lugar. Por fim, horário de voltar para casa, suportar o cansaço do dia, os semáforos, as buzinas dos outros carros, o palavrão do cara de gravata que não suporta nem um minuto mais sem a sua cervejinha, mas a fila de carros está separando-o da felicidade. Buzinas e mais buzinas. “Os idiotas que abram passo! O meu carro é mais potente!” - João fala consigo mesmo. Depois pensa em alguma frase positiva, enquanto xinga baixinho. Olha-se no espelho e tenta manter a pose de grande homem.


Isabel Furini é escritora e poeta.
e-mail: isabelfurini@hotmail.com

Um comentário:

  1. Acho q seu texto vai fazer sucesso, o Bernoulli colocou seu texto no nosso livro, parabéns o texto esta excelente

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