sábado, 9 de agosto de 2008

COMO ESCREVER UM POEMA?

Poema nasce da alma (se você não acredita em alma, pense que o poema nasce em algum lugar desconhecido do hemisfério cerebral direito – o da criatividade). Como mensagem, todo poema tem seu valor. Agora, se vamos falar tecnicamente, o discurso muda. Você pode se perguntar o que faz um poema ser amado e outro, ser desprezado. Bem, não existe uma regra nem um critério universal. A Poesia não é ciência, não é objetiva. Ela atinge diretamente nossa subjetividade. Uns gostam de rima, outros não. Alguns adoram sonetos, outros detestam. Há os fanáticos do Haikai e os que acham chato tanta economia de versos (o haikai é formado de 17 sons, distribuídos em três versos de 5, 7 e 5 respectivamente). Uma das características da poesia contemporânea é a quebra de paradigmas. O poeta precisa inovar. A imagem também adquire um lugar predominante na literatura contemporânea. A poesia não pode fugir disso. Uma obra de ficção precisa de descrições detalhadas e ponto de vista original, a poesia precisa de imagens, só que devem ser rápidas e de impacto. A figura de estilo chamada enumeração também dá força ao poema. Apresenta sucessivamente vários elementos ou justapõe palavras. Também é valorizada a enumeração caótica, com elementos que parecem dispostos ao acaso como nos poemas de Ruy Belo: "Cão que matinalmente farejava a calçada/ as ervas os calhaus os seixos e os /paralelepípedos / os restos de comida os restos de manhã / a chuva antes caída..." Poesia é criatividade, por isso ninguém pode dar parâmetros fixos. Então, vamos escrever ao ritmo de nossa alma, sem ter medo de errar pois como escreveu Affonso Romano de Sant’Anna sobre Picasso: “Picasso erra quando pinta e erra quando ama. Mas quando erra, erra violenta e generosamente (...)” Sant’Anna termina magistralmente afirmando: Ele erra, mas nele, o erro mais que erro - é errância. Uns amarão e outros vão odiar. Esse é preço da ousadia.

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