sexta-feira, 31 de maio de 2019

Ao amor (Poema de Isabel Furini)





AO AMOR



Se o amor me esperasse no meio do caminho
ou apressasse o seu passo para marchar comigo,
tangeriam os sinos das igrejas antigas,
entonariam hinos de amor as confrarias
e preencheriam o ar com poderosas cantigas...

Se o amor me esperasse no meio da senda
Eros (essa criança com a aljava dourada
e a flecha apontada) gritaria em meu ouvido
que o amor é a estrada e o fim do caminho.
.
O amor? O que é o amor?
O amor é o encontro da canção esquecida,
o minotauro rústico que foge do labirinto,
o amor é a rosa do arcos íris e é o sabor de absinto
e o doce mel de abelhas que zumbem nos ouvidos.

O amor é a fragrância que espalha luar e Sol,
é a união do deserto com as água do rio,
é a pedreira que explode para derramar ouro,
é o minotauro solto, correndo pelos campos,
livre... cheio de Sol.

O caminho do amor é de espaço cálido,
do beijo, da carícia, do abraço que abriga.
O fim do desamparo que elimina a briga,
o encontro quase místico de alma com alma,
reflexo de um reflexo,
gotas de água unidas no amplo mar do infinito.

Compartilhar o ar, o sussurro, o riso e o espanto,
rir a toa... chorar...
Saber que não está só nas estradas do mundo.
Saber... saber...
O momento do beijo, não será esquecido.
O momento do abraço, não será traído.
O momento do olhar, não será esquivado.
O momento do amor, é o momento supremo
onde toda alegria é transmudada em vinho
e se transforma em verso e se transforma em rima.

É a hora azul e dourada, da doação e da entrega.
O fim do egoísmo.
É a hora cor de rosa e cor malva, quando a alma reclama
as benções que os céus derramam nas estrelas

São olhares, são beijos, é a mão que aperta
E sente que a solidão para sempre foi morta.
 Não estou sozinho, não! É o grito primitivo
do verdadeiro amante que volta do passado
e encontra na mão amiga o bálsamo constante
para acalmar seu anseio, sua carência e sua dor.

Os amantes se encontram!
Luz de pirilampos a iluminar a noite...
As estrelas titilam ao mais breve toque
e se os corpos se enlaçam com paixão e veemência,
o orvalho da manhã cobre de amor as praças
e os pássaros cantam e levantam as asas
em vôos fortes e rápidos, de poderosas águias.

E tudo se transforma.
O cálice transborda, a Lua é mais potente,
o vinho antigo e seco, as marés são silentes...
As estrelas brilham com fulgores agrestes,
o vento sopra alegre entre flores e ciprestes.
 

Tudo canta.
A fonte de água clara, o deserto, a montanha,
as árvores do campo e a chuva na vidraça.
O tamborilar dos dedos é uma sinfonia.
Tudo muda.
O mago amor transforma o mundo em poesia!

Isabel Furini



Escultura de Kirkland, EUA

 


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