Escrever é semelhante a um ato de magia. A criação literária é como a frágua de Vulcano. Escrever nunca é morno. Escrever é angústia, raiva, incêndio, esperança, fingimento e desespero. É criar castelos de areia com palavras e temer a ventania.
Escrever é emoção primitiva, instinto de autoexpressão. É gritar, usando corretamente a linguagem. É, então, grito medido, sofisticado – chamo isso de fingimento – pois é grito visceral, mas contido. Educado para expressar-se através de figuras estilísticas, discursos e silêncios, focos narrativos e personagens.
Escrever é colocar rédea nos cavalos da emoção. Civilizar a cólera. Contê-la para não expor em demasia esse eu paradoxal que deseja expressar-se, ora aparecendo, ora voltando-se sobre si mesmo. Escrever é, às vezes, um ato de coragem e em outras, um ato de estupidez. Mas sempre uma busca de catarse. O texto é o produto do transbordar de um eu – Netuno, escondido nas águas do inconsciente. E é esse eu desconhecido que brinca com as palavras, deleita-se com as próprias histórias e incentiva o leitor a navegar no tempestuoso mar da literatura.
Isabel Furini - é escritora e educadora.
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