Ano Novo
Ano Novo é coração
batendo com esperança.
Tempo de guardar a dor
no armário das lembranças.
Vamos iniciar o ano
com alegria e confiança.
E preparar corpo e alma
para uma nova dança.
Ano Novo é renovação.
Época de semear amor.
Isabel Furini
eu e EU
a ponte
entre eu e Eu
era um espelho
(de uma loja de antiguidades)
que foi minha
em sonhos
no eu descansa
o mundo quotidiano
repetitivo e medonho
enquanto no eterno Eu
descansam:
a poderosa luz do céu
o verbo amar
e um profundo desejo de voar
Isabel Furini
A paixão do poeta
Isabel Furini
Sensível
navega em subtextos poéticos
e elabora metáforas subcutâneas
súbito
beija uma fotografia
e acaricia emoções
(submete-se
às antigas paixões)
às vezes, tenta mascarar
essa paixão clandestina
mas de maneira sub-reptícia
a paixão o domina
cada vez que ele olha aquela fotografia...
esta vida é açoitada
com o açoite das palavras
as palavras de ironia
as palavras desumanas
as cruéis, as violentas
as que ofendem e desprezam
e as palavras insidiosas
ou perversas que envenenam
como mordidas de cobras
ou picadas de escorpião
se as palavras de ódio
azedam o mel do coração
será preciso urgentemente
gritar a palavra AMOR!
Isabel Furini
Há alguns anos fui a Campo Largo, PR, para receber esse prêmio! Quanta água passou sob a ponte. O rio da vida trouxe alegrias e desilusões, medos e esperança. Às vezes penso que somos marinheiros navegando em barquinhos de papel pelo mar da eternidade. Platão disse que o mundo é o brinquedo dos deuses. Dyonisos, quando criança gostava de brincar com os corpos celestes, com as formas geométricas. Com nossos risos lágrimas fazemos parte da brincadeira. Sucesso e fracasso, sonhos, ideias fixas, dogmas, pensamentos... tudo fica neste universo de papel, e quando o destino realizar o chamado será preciso partir para novas realidades.
Como afirma a filosofia indiana: o mundo é Maya, a grande ilusão...
Em 29 de outubro, 16 horas de Brasil (2:00 PM da Colômbia), a diretora do programa ConversArte, Devora Dante, entrevistará a poeta, escritora e professora Isabel Furini.
No programa serão abordados assuntos importantes, entre eles: O caminho do escritor, Características da Poesia na atualidade, Poesia em época de pandemia;
Poesía em sala de aula.
Estão todos convidados para esta Live.
A rosa e o vaga-lume
...e de noite a rosa perguntou ao vaga-lume:
- Você viu o pássaro azul?
– Não – respondeu o vaga-lume.
Eu não tenho tempo para olhar os pássaros
minha única paixão é produzir luz.
Isabel Furini
Guerra
a escuridão e a luz
jogam xadrez
do inicio dos tempos
quando a luz ganha a partida
surgem das trevas
serpentes devoradoras
de sonhos e envenenam
e devoram o tabuleiro
e os anjos sorriem
quando a escuridão
é declarada vencedora
a civilização declina
impera o caos
e os humanos sofrem e choram
e na caverna das horas
acontecem
guerras avassaladoras.
Isabel Furini
Fase&Face
cada fase
tem uma face
refletida
no espelho da vida
Isabel Furini
Já foi impresso o livro de Contos Infantis do Concurso "Eu conto um conto 2021", da Editora Philia. A Antologia tem 168 páginas de emoções. O conto "Prego Nélio", de minha autoria, foi um dos selecionados para compor o livro.
Os contos selecionados podem ser de interesse para professores e contadores de histórias. A maioria das histórias são leves, engraçadas. Algumas têm uma mensagem psicológica ou filosófica.
O Conto Prego Nélio de Isabel Furini faz parte da Antologia |
A gadanha
Os anjos caídos cuspiram sombras
sobre a árvore de magnólia
refletida em um espelho de metal antigo
um movimento nas luzes projetadas pelo espelho
e os fantasmagóricos duendes do abismo abrem seus olhos
e riem
e eles atravessaram as paredes que separavam os séculos
e palavras antigas como "pandemia" e "fim do mundo"
renovaram-se com o poder das sombras
e voltaram a habitar os lábios e estremeceram
gargantas e corações
alguns verbos como viajar tornaram-se proibidos
mas outros verbos como amar e acreditar
foram colocados aos pés do trono de Cronos
e Cronos (matreiro) ergueu a gadanha
e cortou cabeças e triturou pescoços
e ficou sozinho como aquele pedaço de pão velho
que permanece esquecido em um banco de madeira de uma praça
onde alguns mendigos (cansados da vida) matam as horas
enquanto esperam serem mortos pela gadanha impiedosa de Cronos.
Isabel Furini
Esse poema foi publicado na revista Kametza, de Lima, Peru, em Setembro/2021.
"Anjo Caído" de Salvador Dalí |
COMPULSÃO PARISIENSE
A cidade fantasma ecoa na memória
conhecemos Paris antes de nascer
(antes de nascer perambulamos por Paris)
éramos como mutantes no oceano da vida
habitantes marinhos habitados pela subjetividade
éramos um coração palpitante nas águas do amor
um quadro silencioso
quase emoções pintadas entre prédios e semáforos
as ruas de Paris estendendo-se além das palavras
sem palavras
- antes de nascer perambulamos por Paris.
Isabel Furini
(Publicado na revista Mallargens em 24/03/2014)
Rústico coração
quase um acordeão que chora
tecido com canções de amor
e abandonado
no agitado rio das horas
o passado é um tecido abandonado
o futuro é um tecido em construção
só temos o eterno agora
para tecer nossa vida na vertigem das horas
antes que a penumbra
sombreie o âmago da paixão
e na solidão
a alma esqueça de solfejar o verbo amar.
Isabel Furini
DUALISMO
a claridade do céu
opõe-se à penumbra
pulam algumas gotas de chuva
em um belo dia de Sol
permanecem corpo e alma
como um grande paradoxo
nada escapa à oposição:
existem o ódio e o amor
e as sombras e a luz das estrelas
no âmago do coração.
Isabel Furini
Três poemas de autoria de Isabel Furini (Horas de Neblina, Mundo Louco e Arlequim), foram escolhidos pela excelente Revista Caxangá - Poços de Caldas, e publicada na 3º edição, páginas 222, 223, 224 e 225.
Ana Luíza Drummond, Jorge de Freitas Ranielle e Menezes de Figueiredo são os editores da revista Caxangá. A publicação se destaca pelo belíssimo projeto gráfico realizado por Érica Cristina Pereira de Souza Ranielle Menezes de Figueiredo.
O amantes da Poesia e os curiosos pode acessar a Revista Caxangá GRATUITAMENTE.
Link:
OLHAR POÉTICO
O olhar do poeta (sem linearidades)
enlaça
o olhar do primeiro amor
e o olhar do morto
oculto no porão
- o amor e a morte entrelaçam emoções
e a poesia descarta caminhos
e mordaças
e como um condor eleva as asas
atravessa as sombras e as nuvens
e avança rumo ao Sol
Isabel Furini
No fundo do rio Xingu
Morava um Pirarucu.
Um peixe Achigã
Era a seu único amigo.
Pirarucu gostava de cantoria,
E Achigã gostava de brigas.
Se Achigã uma salamandra vencia
Com seus pequenos dentes a comia.
Pirarucu dizia: Meu pequeno amigo
Achigã é bom de briga.
Pirarucu gostava de poetizar
O rio, os peixes, as plantas e as ondas.
Achigã gostava de cantar,
De comer rãs e sapos e de brigar.
Isabel Furini
Imagem gerada pela IA do Bing. |
Depressão
não é pieguice, não
depressão
é o vazio interior
flutuando
sobre as farpas da solidão.
Isabel Furini
Um concurso para crianças de 5 à 11 anos acontecerá em 26 de junho (sábado) das 14 às 17 horas no Facebook. Todos os participantes receberão Certificado. Os melhores trabalhos seráo publicados nesta revista.
Organizam o evento virtual Sheina Leoni Handel (Presidente da Avipaf), Isabel Furini (Conselheira), e Maria Antonieta Gonzaga Teixeira (professora e acadêmica da Avipaf)
A inscrição é gratuita. E pode ser realizada enviando o nome do participante (para elaborar o certificado), e a idade.
As criança sozinhas ou orientadas pelos pais poderão publicar seus poemas e desenhos.
Inscrições até 23 de junho/2021.
Inscrições: isabelfurini@hotmail.com
davidlee@vera.com.uy
Com o olhar do corvo
Na penumbra
o grito do corvo nos acorda
para novas realidades
entre as sombras, o relâmpago
assusta as retinas
e o músculo cardíaco
é preciso esculpir a palavra amor
apelando à memória
e aos sentidos
guardamos esse sentimento afetuoso
nos campos floridos
do passado
agora, o mundo mudou
– esta é a época
do relâmpago e do terror
é preciso chamar o amor
e cultivar algum ideal
com intensidade
como um corvo em um dia outonal
podemos observar o mundo
com o olhar profundo fixo no futuro.
Isabel Furini
(Este poema foi publicado na Revista Corvo Literário em 25 de agosto/2020)
A rosa vermelha
calco com pés descalços
sonhos antigos
perto de um barco de aquarela
e de uma rosa de seda
sobre um mar de ilusões
flutua um palco
um teatro é o mundo
trágico e fecundo
o amor coreografa
a terrível solidão
enquanto dança o "Quebra-nozes"
sobre as asas de um dragão
ter uma rosa vermelha como guia
obriga a fazer acrobacias
Isabel Furini
Amiga de alma cinza
Neste mundo de visão polifônica
quem tem uma amiga raposa
de alma cinza e voz cínica
não pode reclamar
nem chorar
nem xingar
nem amaldiçoar
nem acusar essa raposa
de falar palavras enganosas
pois a amizade com uma raposa
sempre tem sabor áspero e marginal
como a pimenta e o tabaco oriental.
Isabel Furini
Natureza humana
prisioneiros do espaço-tempo
somos seres precários
impermanentes
cientes de estar condenados à lapide
(no contexto da galáxia somos insignificantes
menores que amebas)
mas nada desfaz a arrogância humana.
Isabel Furini
Caminhando sob a Lua
o bêbado ignora as sombras
olha seu relógio quebrado
vomita palavras promíscuas
e sob a luz prateada da Lua
caminha pelas ruas
como um santo
e mergulha no silêncio do perdão.
Isabel Furini
O manifesto da Noite
...E a Noite escreveu um manifesto nas estrelas para que os seres humanos
e os anjos pudessem lê-lo:
1. Eu declaro, em minha defesa, que não sou cruel, nem alienada.
2. Nunca coloquei um poeta no calabouço da tristeza. São os olhos dos poetas que insistem em se estender sobre a humanidade e observam a impiedade que outros olhos ignoram.
3. Não sou culpada ou responsável pela criação e existência das mordaças.
Nunca amordacei uma voz. Como boa ouvinte, sempre ouço atentamente
a voz do deserto, do mar e do vento.
4. Não sou a dona do tempo. Ele tem seu próprio ritmo. Não sou culpada
pelas noites de insônia, nem pelos gritos das crianças com fome.
5. Não sou a mãe do silêncio. Ele já existia quando eu abri os olhos entre
as constelações e vi as mais fulgurantes estrelas deste universo.
6. Não sou a criadora da paixão sem limites, tampouco do triângulo
amoroso. O amor acontece como a luz da Lua sobre o mar, sem premeditação.
7. Não tenho poder sobre a morte. Ela tem o seu próprio reino e uma barca,
conduzida por Caronte, o barqueiro do rio Aqueronte.
E assim, se prestarmos muita atenção, em noites de lua cheia ou de intensa escuridão, leremos nas estrelas estes manifestos.
É só iluminar asas e garras para impulsionar o voo da imaginação!
Isabel Furini
Imagem gerada pela IA do Bing |
Aninha e os protozoários
Aninha pergunta ao bibliotecário:
- Onde estão os livros que falam
Sobre os protozoários?
Aninha aprende que os protozoários
Não produzem o seu alimento
- E como eles conseguem suprimento?
Eles não compram nada na feira.
Pelo processo de fagocitose
Eles se alimentam de algas e de bactérias.
E são muito perigosos!
Os seres humanos ficam temerosos,
Pois os protozoários são assustadores.
Malária e Mal de Chagas, são doenças
Provocadas por protozoários.
E não adianta a indiferença.
É necessário ter consciência:
Beber água fervida ou filtrada
E lavar bem as mãos.
E como falam os eruditos:
- É preciso, ter muito cuidado
para não sermos picados pelos mosquitos.
Isabel Furini
Quimeras
A Lua Cheia ilumina o céu
cria cenografias
e abruptamente ficamos cativos
imaginando mundos
criando quimeras
a Lua nos atrapa
desoxida sonhos
e cercados pelo mutismo
somos mapeados por sombras desconhecidas.
Isabel Furini
O sábio, a borboleta e a caneta
usa o astrolábio a borboleta
quando sonha que é um sábio
e mede o seu eu e as estrelas
(sem alienação)
em outra dimensão
um sábio transformado
em borboleta
percebe sobre seus ombros
o rosto de um poeta
com um pincel e tinta azul
um anjo de asas brancas
pinta entre nuvens
a ressonância da alma do sábio
da alma do poeta
e da alma da borboleta
seres amados e benditos
desenhados na mente de Deus
com a caneta do infinito
Isabel Furini
Os efeitos colaterais
alguns poemas revivem traumas
e provocar longas noites de insônia
e de solidão
impõe-se
a linguagem estética
contaminadas pela insônia
as emoções acordam
e dominam o jardim interior
os símbolos desembarcam
da barca
e diante dos olhos fechados
desfilam
e mostram seus verdadeiros rostos
Isabel Furini
Medo primitivo
às vezes a luz da Lua
ilumina o cabelo da Medusa
às vezes o olho da Lua
sobre os túmulos
ora o coração acelera
seu passo noturno
ora os olhos ficam fixos
na linha do horizonte
sempre os ponteiros do relógio
e o renovado medo
de permanecer na margem
da página do ontem
para observar as letras de um poema
e perceber a barca de Caronte
Isabel Furini
Sitiados
imagens obsessivas
avançam
até os confins do medo
tememos que as cobras esculpam
nos espelhos
rostos macabros
e bocas que denunciem nossas culpas
vítimas da estagnação
permanecemos imóveis
sitiados
pelos fantasmas do passado
e alfinetados pela solidão
Isabel Furini
A Madonna de Bellini
Um costurar de sonhos
(entre nuvens de isolamento)
a estrada da introspeção
conduz à solidão
a luz é contemplada no silêncio
o olhar ingênuo é perpetuado
com magistrais traços
a cor azul do manto da nossa Senhora
destaca-se
e assume a nobreza do quadro
Isabel Furini
Imagem da Wikipedia - Domínio Público
Madonna de Bellini
Sem retorno
a vida é um deserto inóspito
murmurando silêncios!
o poeta arquiteta
universos paralelos
artifícios de palavras e texturas
surgem antigos alfabetos
na ampulheta
- o medo do futuro
(instinto primitivo)
extravasa em cada verso.
estrada sem retorno
- o presente
é transformado em pretérito
pela alquimia do tempo
Isabel Furini
Os olhos e a boca
ininterruptamente
falam os olhos
enquanto emudecem os lábios
murcha o musgo
separado da rocha
às vezes
o mutismo das bocas
contrasta
com a eloquência do olhar
Isabel Furini
ÁPTERO
Sem asas
(o homem de Platão)
limitado no tempo-espaço
entrelaça
a arte e a paixão
entre as linhas paralelas
da obscura face funesta
da terrível solidão
Isabel Furini
Status
o ego espalha o sentimento
de importância pessoal
mas somos só uma pegada
na areia do espaço-tempo
uma mísera pincelada
no quadro deste universo
Isabel Furini
Concretude
CONCRETUDE?
acordam emoções soterradas,
e ficamos cercados
por exércitos de arquétipos
é o mundo
dos espelhos de Maia
(a grande ilusão)
ao alcance dos olhos e das mãos
os símbolos entrelaçam arquétipos
e expressam o inconsciente
ao compasso do tempo-espaço.
Isabel Furini
Bigorna
quando o passado retorna
torna a vida um inferno
mais pesado que a bigorna
é o sentimento de culpa
(a culpa exige o perdão)
às vezes, é preciso ser fraterno
com o próprio coração.
Isabel Furini
ESSÊNCIAS
o que é o ser humano?
é uma pedra roseta
e o seu cérebro
(sempre em conflito)
ainda está sendo descifrado
pela vida
o que é a alma?
uma luz ou é uma pedra
arremessada ao infinito?
Isabel Furini
O MESTRE ZEN
medita o mestre
e a borboleta de sua mente
descansa na borda da Lua
ao finalizar o dia (sorrateiramente)
o universo emoldura o silêncio
e o mestre percebe
a borboleta em calma
e a harmonia do vazio mental
faz sorrir a sua alma.
Isabel Furini
Poetizar
é tecer emoções
é procurar o reflexo
do desdobramento
do espaço
e do tempo
em espelhos quebrados
em imagens oníricas
e em alfabetos.
Isabel Furini
O poema "Oscilante", de minha autoria, foi publicado na Revista Escriba - Novos Horizontes, da editora Tiro de letras.
Acessar a revista pelo ISSUU:
https://issuu.com/tirodeletrased/docs/revistaescriba_ed.10_novos_horizontes
Imagem gerada pela IA do Bing |
NO MURO
amordaço lembranças
no muro do passado
visando o futuro
costuro palavras
nos muros das horas
observo nos muros
(despedaçadas)
as asas das borboletas
enquanto a areia cai
na parte inferior da ampulheta
renovando esperanças
Isabel Furini
Imagem gerada pela IA do Bing |
A gaivota e o lagostim
Eu gosto muito de brincar
Com meu amigo Lagostim.
E enquanto nado no mar
meus pais cuidam de mim.
Meu amigo Lagostim
adora nadar nas profundezas.
E eu adoro mesmo voar
sobre as montanhas e sobre o mar.
Quando eu venho a nadar
gosto de narrar minhas aventuras no ar,
E ele me conta como são as profundezas.
Nós respeitamos as diferenças,
Porque somos amigos e entendemos
Que cada bicho tem a sua natureza.
Isabel Furini