terça-feira, 31 de outubro de 2023

Festa de Halloween - Poema de Isabel Furini

 


Festa de Halloween

Isabel Furini


Quando chega o Halloween

todos festejam no jardim.

Convidam lobisomens,

bruxas, vampiros e zumbis.


Os lobisomens gostam de uivar

e os zumbis gostam de cantar.

As bruxas e os vampiros

são grandes dançarinos.


A festa fica animada,

o bicho papão bebe suco de limão.

Os fantasmas se divertem

com as estrelas cadentes.


A múmia olha o Saci

e fala que ele é maluco.

O Saci nem contesta,

ele está bebendo um suco.


Os fantasmas sabem voar

e sabem ficar invisíveis.

Eles alegram a festa,

pois são imprevisíveis.


**


domingo, 29 de outubro de 2023

Aprendiza - Poema de Isabel Furini

 

Imagem gerada pela IA do Bing

A aprendiza


ela sorri enquanto oculta

a palavra traição

sob a sombra das tesouras


a aprendiza

começa a costurar linhas transgressoras

que avançam e reinventam o espaço

na textura do tecido


ela guarda

agulhas, fios, fitas, alfinetes

mas deixa as tesouras sobre a mesa


a velha costureira olha o rosto da aprendiza

e murmura

:

pena que a palavra perdão

(pelo ódio açoitada)

está em um canto

esquecida

pois sem o perdão

o amor escorrega para a terra do nada.


Isabel Furini

(Poem publicado na Revista Sucuro Nº 20

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Cozinhar e Poetizar - Poema de Isabel Furini

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Cozinhar e poetizar

                               Isabel Furini

A comunicação se dá via e-mail

compartilhamos versos e, às vezes,

receitas de cozinha

Rosa gosta de cozinhar, eu não

mas somos amigas

e para manter nossa amizade

procuro nos sites receitas de cozinha

e finjo interessar-me na maneira correta

de cortar cebolas e tomates

sou péssima na cozinha

minha mãe me odiava por isso

meus filhos sofreram

por essa incapacidade minha 

de ser chef de cozinha

não sinto prazer em cortar tomates

mas sinto prazer em reler meus poemas

e cortar palavras inócuas

não sinto prazer em misturar sabores

mas sinto prazer em misturar palavras

ao acaso – palavras como presença

e ausência, palavras como medo e noite

minha amiga gosta de cozinhar estrogonofe

eu gosto de cozinhar versos

ela é uma ótima cozinheira 

e sempre está atenta para aprender pratos novos

eu sou simplesmente poeta

e sempre estou atenta às emoções 

e, às vezes, em versos choro lágrimas alheias

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Isabel Furini: Uma vírgula


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Uma vírgula?


pergunto ao meu ser interior

:

será possível que eu seja menos que nada?

talvez só uma vírgula observando estrelas

ou uma imagem alada

flutuando suavemente sobre uma almofada


Isabel Furini

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Ser Poeta (Poema de Isabel Furini)

 

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Ser poeta
                Isabel Furini

é ter poemas guardados nas gavetas
da mente
e na hora do ocaso ou da aurora
simplesmente
cuspir metáforas sobre a linha do horizonte
e guardar na caixa de Pandora
ao lado da esperança
as intensas palavras que dançam
e poetizam a vida


terça-feira, 17 de outubro de 2023

Vinho (poema de Isabel Furini)

 

Arte digital de Isabel Furini
O VINHO


no vinho

permanece ativa

a substância 

das uvas

que deu origem

aos sonhos de Dionísio

e ao teatro


no cálice

dormem a alegria

das uvas

e os risos 


nos lábios

o vinho acorda

o sabor do pecado.


Isabel Furini

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Ego-mania - Poema de Isabel Furini

 


Ego&mania

Isabel Furini


o som de um tambor

quebra a monotonia da manhã

o ego (assustado)

precisa de um afago

o som do tambor revela

que o ego é um troglodita mimado

quer ser alimentado sem descanso

o ego precisa do elogio demorado

do aplauso, exige carinho

quer ser notado

quer se impor 

como o som de um tambor

a palavra que o guia é autossatisfação

o ego nasceu rei - um leão mimado

ele quer ser amado

mas nunca pensa em amar

nem em compreender

nem em valorizar

aqueles que estão a seu lado

*

sábado, 7 de outubro de 2023

O lugar da mulher? (Poema de Isabel Furini)


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O lugar da mulher?

                     Isabel Furini

é na cozinha

cozinha

cozinha

cozinha

sim, na quimérica cozinha das Musas

com alcaparras, sal e champignon

a mulher tempera os versos perversos

e suaviza os destinos adversos

a mulher saboreia

vinho branco Meursault Clos de la Barre

(um vinho encorpado, salino, acetinado)

enquanto escreve um poema 

e na hora do Angelus 

a sua alma como vinho envelhecido

voa sobre um mar de sonhos



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