terça-feira, 30 de maio de 2023

Antonela - Poema de Isabel Furini

 



Antonela

envelheceu a paixão
e ficou silenciosa como um muro

sentiu-se abandonada Antonela
e somatizou na pele
as chicotadas da indiferença
passou a habitar as cavernas do tédio
e das lembranças
as lembranças devoraram as distâncias
e permaneceram ancoradas
(caoticamente)
no quarto de um fantasma

Antonela analisou as memórias
de sua mente
e compreendeu
que o fantasma era ela.

Isabel Furini

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Francesca Woodman (Poema de Isabel Furini)

 





Francesca Woodman


fotografava os espelhos do destino
os rompantes emocionais
os suicídios clandestinos

o seu eu ilimitado fugia
do olho da câmera e reaparecia
com contornos indefinidos

nas fotografias, Francesca
imprimia um tom soturno
e redescobria a sua essência

enquanto o drama sacudia a sua alma
ela cinzelava imagens
nos eternos palcos da psique.

Isabel Furini
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sexta-feira, 26 de maio de 2023

Sou uma barca - Poemas de Isabel Furini

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Sou uma barca
Isabel Furini


Não posso viver comigo, nem posso fugir de mim.” Sá de Miranda


Sempre vivi à margem das coisas
vivi meu tempo em um não tempo
em um espaço vazio
cheio de sonhos
- eu deslizei pelas margens desse mundo
e auscultei a alma do silêncio


sou uma barca sobre as escuras
águas de um rio turbulento
as vezes sou palavra
as vezes sou silêncio
e já fui rosa e musgo e pássaro e arena do deserto


sinto que eu sou oriunda de outras geometrias
de mundos paralelos
e as vezes… as vezes sonho
(sem perverter minhas horas)
e como a ave Fênix
(renovada)
voo sobre as altas montanhas
e volto a meu universo nas asas do silêncio





Ao Luar - Poema de Isabel Furini

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Ao luar

Isabel Furini

o corvo crocita no campo de milho
enquanto a Lua brinca
com o inquieto mar
o Tempo (sempre poderoso)
chicoteia
os relógios
– o som do chicote reverbera
na bussola de madeira
pendurada na branca parede ruíndo
da casa de madeira
enquanto prepara um chá quente de canela
o filósofo observa a bússola
e pensa na transitoriedade
da existência humana





Una foto para el álbum - Poema de Isabel Furini

 



UNA FOTO PARA EL ÁLBUM

Isabel Furini


el impacto de una piedra

y el cuerpo y las plumas ensangrentadas

quedan ancladas sobre el piso de baldosas


el pájaro inmóvil tiene un ojo reventado

indefenso y sin vida

parece una roca esculpida por el destino


el niño y su padre 

se aproximan del pájaro que asesinaron

la madre hipocritamente

lleva una cruz de oro al cuello

(recordación del sufrimiento de Cristo)


ella abre la cartera, busca el celular

y saca una fotografia vagabunda

para el álbum familiar


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El eremita - Poema de Isabel Furini




EL EREMITA

                Isabel Furini

avanzan los espectros 

empujados por los vientos

e invaden

la torre de la soledad


dentro de la torre

un viejo eremita

medita

mientras su sombra

suavemente levita


un rayo de Sol

entra por la ventana

y la sombra

decapita al eremita

quiebra la ventana

y huye con los espectros


em la vigésima hora

el eremita recupera su cabeza

y resucita

imediatamente cogita

salir de la torre de la soledad


Publicado en la revista Herederos del Kaos - Arte y Literatura, el 27 de enero de 2022

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quarta-feira, 10 de maio de 2023

O crocodilo e a noiva











A noiva e o crocodilo

Uma menina bonita
morava ao lado do rio
e ela se fez amiga
de um pequeno crocodilo.

A menininha cresceu
e o crocodilo também.
Ela o alimentava,
o crocodilo comia bem.

Chegou o dia esperado
da menina, já mulher,
um vestido de noiva,
para casar-se, escolher.

A noiva estava bonita
e a festa muito divertida,
quando entrou o crocodilo
e no bolo deu uma mordida.

Todo mundo ficou assustado,
pois pressentiram o perigo.
Alguns fugiram pela janela
outros, buscaram abrigo.

A noiva gritou: " -Calma, gente!
Esse crocodilo é meu amigo,
além de muito inteligente."
E a festança continuou.

A orquestra tocou lambada,
O crocodilo dançava e cantava.
A noiva, o noivo e o crocodilo
dançaram até de madrugada.

Isabel Furini

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