Último beijo (poema de Isabel Furini)

 

 

ÚLTIMO BEIJO

um beijo ácido
tóxico
caústico 

nos lábios
vestígios
do desamor e da traição

nos ouvidos
o murmúrio de outra voz
e nos olhos
a sombra da culpa.

Isabel Furini
 

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Reflexão I e II

 

 

REFLEXÃO  I

podemos conhecer
todas as cordas de um violino
mas não temos o poder
de conhecer todas as cordas
da alma do amigo ou do vizinho
- um dia, algum deles nos surpreenderá. 

Isabel Furini

REFLEXÃO II

a planta arquitetônica da alma
é paradoxal
está composta
de duas partes antagônicas
- em todos os seres humanos
coexistem o bem e o mal.

Caixinha de música - poema de Isabel Furini

 

Caixinha de música

a bailarina não dança
está imóvel na caixinha
sua linda saia tutu
branca como uma cegonha

tudo passa nesta vida
tudo é impermanente
a caixinha, a bailarina,
eu, a saia, a cegonha...

somos remanescentes
de um tempo convertido em cinzas
que mantêm os seus sonhos
ocultos nas entrelinhas.

Isabel Furini

 

Croquis de las palabras (Poema de Isabel Furini en español)

 

CROQUIS DE LAS PALABRAS

administrar las palabras
es como administrar el viento
que sopla
y huye al instante
con su fuerza exuberante

en el corredor del tiempo
(en el siglo XXI)
comprendemos que las palabras reprimidas
se tornan peligrosas
y volcánicas
como una tempestad oceánica

mientras que las palabras bondadosas
pueden ser fuertes - titánicas
pero nunca son crueles
ni ofensivas
ni ardilosas

palabras son como las rosas
tienen pétalos y espinas
es muy felíz áquel
que solo esparce en su vida
las palabras armoniosas.


Isabel Furini

Imagem gerada pela IA do Bing

Sorriso de cristal (Poema de Isabel Furini)

 

 

Sorriso de cristal

na vitrine
o sorriso de um anjo de cristal

era tão belo o seu rosto
era tão terno o seu olhar
e o seu sorriso alegrava
e conjugava o verbo amar

- Um enviado espiritual!
ele veio para alegrar o meu dia?
pensou e sorriu com alegria

às vezes, coisas insignificantes
afastam as sombras
e deixam a alma radiante

Isabel Furini

Curiosidade da árvore de magnólia

 

Curiosidade da árvore de magnólia 

Um dia um anjo acordou com pétalas
nos olhos, nas mãos
nas asas e nos calcanhares
- havia-se transformado em flor

e a árvore de magnólia grandiflora
perguntou: - essa nova flor
caiu de alguma constelação?
tal vez de Andrômeda ou de Orion...

suas pétalas angelicais, tem um dom
e além de serem formosas
podem tornar qualquer alma
tão nobre quanto uma flor.

Isabel Furini
 

 

As invasões bárbaras (poema de Isabel Furini)

 

AS INVASÕES BÁRBARAS

Os bárbaros invadiram
barbaramente armados de ilusões
e mentiras
sentiram-se heróis

mas terminou o Carnaval
e a realidade os desarmou
e voltaram a ser
aquilo que sempre foram
ingênuos
refréns da emoção
senhor
e senhora
ninguém.

Isabel Furini 

Espantalhos (poema de Isabel Furini)

 

Espantalhos

espalham
terrores noturnos
esses espantalhos
de palha
e rancor...

seus olhos de palha
ofuscam
as luzes da rua
- onde eles transitam
surge a escuridão

cospem no assoalho
e serpenteiam
entre arcaicas palavras
de terror

esses espantalhos
com rudeza pisam
os pés descalços
reabrindo as feridas
que o tempo curou. 

Isabel Furini

Fotografia de Isabel Furini - Califórnia

 

Meus poemas ( de Isabel Furini)

 

MEUS POEMAS

Tecidos na vertigem das horas
ao nascer dão um rugido
e escorregam pela linha curva
que sitia os confins da aurora

alguns falam de amores
outros do eterno agora
alguns são incandescentes
outros tem voz transgressora
cada poema é uma árvore plantada
no campo infinito do espaço-tempo.

Isabel Furini

Dons -Poema de Isabel Furini

 

 

 

DONS

a poesia possui dons ocultos
:
transforma ideias contaminadas
em água pura
e ajuda
a exorcizar os fantasmas do passado
que dormem no precipício das paixões.

Isabel Furini

Cercear - Poema de Isabel Furini

 

 

CERCEAR

quero purificar o meu passado
- cercear
os bicos e as asas
desse corvo-fantasma
que  crocita ao anoitecer
e enquanto crocita
multiplica
as sombras do ontem
e ao dançar na desajeitada memória
acorda os terrores noturnos.

Isabel Furini

Observações - Poema de Isabel Furini

 

 

Observações

Do teto,
a goteira.

Da rua,
a poeira.

Da videira,
as uvas.

Sonhos de praia e de Sol
aninham nas palmeiras.

Tudo neste mundo
tem fruto ou sequela.

Isabel Furini 

O gato e a cacatua (poema infantil de Isabel Furini)

 

 

 

O GATO E A CACATUA

Do alto de um muro,
Um gato miava
Olhando a Lua.

Enquanto na rua,
Dançava alegremente
Uma linda cacatua

O gato observou
A cacatua e falou:
- Que gostoso jantar!

Mas a cacatua ouviu
E rapidamente
Começou a voar.

O gato pensou:
Se eu falara menos,
Comeria mais.

Isabel Furini

Fotografia de Isabel Furini

Triste realidade (poema de Isabel Furini)

 

TRISTE REALIDADE

Morre o pobre, morre o rico
morre o cristão e o ateu
pois nesta Terra
não existem seres eternos
e ninguém consegue fugir
da feroz foice do tempo.

Isabel Furini

 

As linhas da costureira (Poema infantil de Isabel Furini)

 

As linhas da costureira

Uma linha cor azul
outra verde
outra laranja
uma linha traz alegria
a as outras trazem esperança

a costureira pegou uma linha
de um raio de Lua
a costureira costurava
com alegria e ternura

e um dia a costureira
ficou mais aventureira
ela pegou a linha do Equador
e bordou uma linda flor
e uma bola de futebol.

Isabel Furini

 

Gigantescos - Poema de Isabel Furini

 

Gigantescos 

Os seres humanos
temos egos gigantescos
mas somos simples grãos de areia
na praia do universo.

Isabel Furini