O manifesto da Noite
...E a Noite escreveu um manifesto nas estrelas para que os seres humanos
e os anjos pudessem lê-lo:
1. Eu declaro, em minha defesa, que não sou cruel, nem alienada.
2. Nunca coloquei um poeta no calabouço da tristeza. São os olhos dos poetas que insistem em se estender sobre a humanidade e observam a impiedade que outros olhos ignoram.
3. Não sou culpada ou responsável pela criação e existência das mordaças.
Nunca amordacei uma voz. Como boa ouvinte, sempre ouço atentamente
a voz do deserto, do mar e do vento.
4. Não sou a dona do tempo. Ele tem seu próprio ritmo. Não sou culpada
pelas noites de insônia, nem pelos gritos das crianças com fome.
5. Não sou a mãe do silêncio. Ele já existia quando eu abri os olhos entre
as constelações e vi as mais fulgurantes estrelas deste universo.
6. Não sou a criadora da paixão sem limites, tampouco do triângulo
amoroso. O amor acontece como a luz da Lua sobre o mar, sem premeditação.
7. Não tenho poder sobre a morte. Ela tem o seu próprio reino e uma barca,
conduzida por Caronte, o barqueiro do rio Aqueronte.
E assim, se prestarmos muita atenção, em noites de lua cheia ou de intensa escuridão, leremos nas estrelas estes manifestos.
É só iluminar asas e garras para impulsionar o voo da imaginação!
Isabel Furini
Imagem gerada pela IA do Bing |
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