É preciso entender que era um Colégio tradicional cheio de regras e padrões. A irmã Lúcia cuidava das crianças com a diligência e a rigidez de um sargento. Qualquer movimento, qualquer palavra dos alunos era considerado indisciplina.
A irmã Lúcia gritava: “ Quem falar sem pedir licença vai para o inferno. Quem não escovar os dentes depois do almoço vai para o inferno... Meninas sapecas irão para o inferno”. . E Carla era uma menina sapeca.
Um dia entrou na cozinha, pegou uma jarra e molhou as plantas da entrada que pareciam precisar de água.
– Você não pode decidir sozinha, tem que pedir autorização para pegar uma jarra. Eu já falei que desordem leva ao inferno, pense nisso, Carla.
– Sim, irmã Lúcia, respondeu a menina.
– Pode voltar para sua sala de aula.
Carla entrou na sala, sentou-se perto da janela e soltou sua imaginação... entre as nuvens desenhou o inferno. Um lugar lindo e colorido, cheio de crianças bagunceiras que corriam e brincavam. Depois, visualizou o céu. Um lugar frio e chato, cheio de freiras...
Isabel Furini é escritora e poeta - Contato: isabelfurini@hotmail.com
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