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O JARDINEIRO E A MORTE
Açoita o vento
dançam as pétalas - é primavera
o jardim recebe água, adubo
e o sorriso do jardineiro
ele tem no bolso direito
o bispo, a rainha e o rei
de madrugada, com a morte joga xadrez
e todos os dias ele ganha
mas num escuro canto do jardim
a Morte guarda a gadanha
uma aranha estranha tece
tece
tece
tece
destinos
de repente, a aranha desacelera
finaliza o tecido e cai morta
o jardineiro sente que sua alma esmaece
de madrugada
o jardineiro joga xadrez com a morte
e percebe que seu jogo está perdido
da palma da mão sumiu a linha da vida
perdeu a linha do destino
solta um agudo gemido
e seu espírito retraído voa para aquele jardim
a morte está lá
esperando-o perto do jasmineiro
corta um jasmim e oferece para o jardineiro
e ele compreende que a vida não tem fim.
Isabel Furini
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