Trituradas as guelras do silêncio
sobre o velho álbum fotográfico.
O pai (morto há anos) sobrevive nos retratos desbotados.
Revelam-se fisionomia e emoções.
Quantos olhares,
quantos rostos deixei submersos
nos interstícios da memória,
quantos exílios na areia do passado e exílios futuros
projetados no palco dos sonhos.
Genealogias, uivos e fumaça despencam do
álbum fotográfico aberto sobre a mesa.
Observam-nos os mortos,
pousam nas fotografias como estacas de mutismo.
Amam-nos.
Esperam-nos (sedentos de carinho) com os braços paralelos
abertos entre galáxias de culpa e de mistério.
Imensamente abertos.
Isabel Furini é escritora e poeta premiada.
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