A maioria das pessoas que mora nas grandes cidades está submetida ao estresse constante do barulho. Pode ser consciente de que está sendo afetada pelos constantes ruídos dos motores dos carros e motos que transitam pelas ruas, ou do vizinho que escuta música e obriga também todo o prédio a escutar gratuitamente. São ruídos diversos: da rua é o carro, a moto, o caminhão, o ônibus, as pessoas falando, a música, a britadeira, ou o coro da igreja que se reúne às 6 ou às 7 horas da manhã para cantar (nada contra coros de igrejas, mas muitos de nós trabalhamos até tarde e gostamos de dormir até as 8h30min). Já na casa é a TV, o MP3, o rádio, enfim, parece que somos uma civilização ruidosa, uma civilização que tem medo do silêncio. E essa palavra, silêncio, quase esquecida, que parece servir como enfeite de frases bonitas, é necessária para a saúde emocional e mental da população.
O problema é que acima de 50 decibéis a concentração para o trabalho é prejudicada e o sono não é tranquilo. Mais de 60 decibéis aumenta o nível de cortisona no sangue, induz a liberação de endorfina (isso vai tornando a pessoa dependente). Sim, pode ser difícil de acreditar, porém muitas pessoas são dependentes de ruídos. Elas precisam de música, de TV ligada, algum barulho para poder dormir.
Lembrei-me de uma amiga que planejou com a família uma viagem de uma semana no interior do Paraná para visitar as termas. Ela mesma disse que era um lugar belo, campestre, aconchegante e silencioso! Minha amiga não conseguia dormir com tanto silêncio. O silêncio a incomodava. Voltou no terceiro dia dizendo: “Eu sou urbana, preciso de algum barulho para dormir”.
Talvez se nós continuarmos tão civilizados, precisaremos participar de alguns cursos para reaprender a arte do silêncio, para sermos capazes de apreciar o silêncio como o faziam os nossos antepassados.
Crônica de Isabel Furini publicada no ICNews
Está muito certa! Eu com certeza me matricularia em um curso desses! Todos nossos momentos são cercados de muito, muito barulho!
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