quinta-feira, 8 de abril de 2021

Os poetas e a pandemia (Poema de Isabel Furini)

 

Queridos leitores amigos: Há alguns dias, uma poeta disse que não entendia como alguns poetas conseguiam escrever na pandemia. Ela achava que era falta de sensibilidade. Gente, não é falta de sensibilidade. Acreditem, todos estamos com medo, estamos em pânico. Por isso, precisamos da Poesia. Precisamos poetizar. Em um livro de Carlos Castaneda, Dom Juan, seu mestre, fala que os xamãs quando percebem a presença da morte, dançam. Física ou mentalmente, dançam. A morte não os encontra chorando, os encontra realizando uma dança guerreira. Nós somos poetas, que a morte nos encontre poetizando.

 

 

 

OS POETAS E A PANDEMIA

Pés descalços sobre a areia da vida
pula a emoção no poço da pandemia

o Xamanismo aconselha
diante da Morte dançar
dançar
dançar
dançar

nós somos poetas
que a Morte nos encontre poetizando
que possamos olhar a Senhora da gadanha
e falar: -por favor,
permita-me escrever mais um poema.

Isabel Furini



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