Quadro de Carlos Zemek |
Ninguém pensa, ninguém pensa
parou o vento
e caíram ao chão as abelhas mortas
noite de seres que não pensam - são pensados
a sabedoria está ausente
(o obscurantismo é passado ou é presente?)
noite de misantropia
refletida em muros de trevas e de medos
noite perigosa
cercada de palavras e de mentiras
noite kafkiana
de processos que não acabam
e de solidão que não é compartilhada
sem estrelas, sem perspectivas e sem vento
o ermitão
declara o fim dos tempos
e deitado sobre a areia do deserto
simplesmente murmura uma oração
e depois chora
pensamentos e emoções se confundem:
na garrafa de Klein
o exterior e o interior são uma só realidade
e na fita de Möbius
a humanidade escorrega no espaço-tempo.
Isabel Furini
Amei tanto a imagem como o poema.
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