CRIAÇÃO POÉTICA
O poeta revive a antiga arte
de transformar pesadelos em poesias.
Pacientemente vasculha galerias,
túneis da memória,
e com palavras faz acrobacias.
Nutre-se de palavras
e das antigas sensações das adegas.
Experimenta sabores: azedo, salgado, doce, amargo,
agridoce, silvestre, áspero, aquoso,
apimentado, umami, cítrico, arenoso.
O poeta brinca com os versos
fermentados pelo tempo.
Muda os sabores e acresce sementes
de sonhos e de amores,
mas entalha o poema com o afiado cinzel dos escultores.
ISABEL FURINI
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