terça-feira, 9 de maio de 2017

A Volta de Zaratustra - poema de Isabel Furini






Zaratustra voltou.
Caminhou pelas ruas de cimento,
andou junto à lojas e mercados;
por fim, se deteve frete a um templo.
Os homens do povo olhando-o, o seguiam
esperando que a sua voz arcana
despertasse suas almas, que dormiam...

alguém entre a multidão,
jovem e ousado, informou-lhe
que Nietzsche estava morto.

Ele escutou com os olhos fechados,
a boca muda
e os braços abertos.

- Inicia-se uma nova era de esperança - disse
- a fé, como a Ave Fênix,
ressurgirá das próprias cinzas.
e os homens escutavam-no em silêncio.
Zaratustra olhou cada um deles
e a todos interrogou com o olhar,
e viu que tinham medo,
mesmo aqueles
que mantinham os olhos fixos no céu.

Por que esperam uma verdade de fora,
uma verdade alheia, emprestada?
perguntou-se a si mesmo.
Depois gritou:
- eu anuncio que Deus ressuscitou
e que Ele quer
que ausculteis com força de titãs
em vosso próprio interior
para escutá-lo.


Isabel Furini
do livro "O Homem e Deus"



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