O pseudônimo é um nome que, em geral, um autor, seja escritor, poeta, pintor, escultor, escolhe. Ou seja, os pseudônimos são diferentes nomes para uma mesma pessoa. Às vezes é confundido com heterônimo, mas o heterônimo constitui uma pessoa diferente que habita o mesmo artista.
Famosos são os heterônimos de Fernando Pessoa, como ele mesmo afirmou: “Por qualquer motivo temperamental que me não proponho analisar, nem importa que analise, construí dentro de mim várias personagens distintas entre si e de mim”. Essas “personagens distintas” são os heterônimos do poeta, lembramos os nomes de Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Os três tinham biografias, data de nascimento, filosofias de vida diferentes.
Sem ter a presunção de ter um heterônimo, mas quase... Refiro-me a um fato muito interessante que aconteceu comigo nos anos 90. Nessa época, os anjos pareciam ter pulado do Céu para a Terra. Foi um momento de grande misticismo. Pois bem, como eu sempre acreditei em anjos, escrevi vários livros com o pseudônimo de Padma Patra. Na realidade, Padma Patra quer dizer “folha de lótus” em sânscrito, idioma sagrado da Índia. Eu já havia escrito outros livros com esse pseudônimo.
Em uma das aulas que ministrávamos no Delfos, duas jovens se inscreveram para os cursos. Uma delas não gostou de minha pessoa no primeiro momento, mas parecia encantada com as aulas do professor Francisco. Quando iniciava a aula do professor, ela ficava sentada na primeira fileira, parecia voar. Já nas minhas aulas, sentava-se no final e atrapalhava falando com a colega ou mexendo em livros e papéis. Minha paciência estava começando a diminuir quando ela, numa das últimas aulas, trouxe um livro pequeno de capa dura, “Invocação aos anjos”, e com orgulho disse: “Conhece?”.
Eu pensei que ela sabia que eu era a autora e, sorridente, falei: ”Claro que conheço”. Mas ela, muito séria, começou a dizer que considerava Padma Patra a sua mestra, essa era uma verdadeira mestra! Entendi que ela não sabia que estava falando com a autora do livro. Por um momento tive desejos de gritar: “Padma Patra sou eu!”. Mas pensei que dizer a verdade nesse momento a prejudicaria. Era melhor fazer silêncio.
Pensei que se a leitura do livro estava lhe fazendo bem, quem era eu para quebrar essa relação mestre-discípulo que ela havia criado? Só por ser autora tinha direito de quebrar a sintonia que ela tinha com o livro? Afinal o livro era de Padma Patra, e eu sou Isabel Furini. E talvez ela esteja certa. Talvez Padma Patra seja alguém diferente de mim. Alguém que more nas profundezas de minha mente, diferente da Isabel que mora na periferia dessa mesma mente.
Talvez Padma Patra não seja o meu pseudônimo, talvez ela seja meu heterônimo. Um ser que habita meu subconsciente. Como já disse Jorge Luiz Borges: “O conto sempre é superior ao contista”, podemos dizer parafraseando Borges que “o livro sempre é superior ao autor”.
Os heterônimos de Fernando Pessoa ficaram famosos, mas, talvez, todos nós tenhamos heterônimos que procurem se expressar, mostrar que existem, talvez...
Isabel Furini é escritora e palestrante, autora de “O livro do escritor” da Editora Instituto Memória.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
VENTO E TEMPO
Sopra o vento no tempo.
Anda o tempo,
brinca o vento,
assovia o vento,
canta o vento,
voa o tempo,
dança o tempo,
avança o tempo,
e a última folha do calendário
é rasgada pelo vento.
Inicia um novo ano
na roda o tempo.
Ano Novo! Vida velha
rotineira,
açoitada pelo tempo.
Sopra o vento,
cimbra o vento,
na superfície do tempo.
Isabel Furini
Anda o tempo,
brinca o vento,
assovia o vento,
canta o vento,
voa o tempo,
dança o tempo,
avança o tempo,
e a última folha do calendário
é rasgada pelo vento.
Inicia um novo ano
na roda o tempo.
Ano Novo! Vida velha
rotineira,
açoitada pelo tempo.
Sopra o vento,
cimbra o vento,
na superfície do tempo.
Isabel Furini
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
NATAL! (Poema de Isabel Furini)
domingo, 18 de dezembro de 2011
UM QUADRO DO FAMOSO BOTERO
Morei na Colômbia entre 1975 e 1980. Eu ministrava aulas na cidade de Medellín, e lá tive oportunidade de conhecer várias pessoas interessantes. Uma delas pintava por hobby, como bem ela dizia: “Seu objetivo era sentir-se bem; não queria participar de concursos nem expor suas obras, pois isso a deixaria preocupada”. Já a sua amiga tinha o hobby de viajar. As duas chegavam cedo para aulas, e tínhamos a oportunidade de conversar. Elas estavam sempre de alto-astral.
Um dia, a artista plástica disse que sua amiga havia feito uma burrice da qual sempre se arrependia. A outra riu e contou o fato. Quando era solteira, ela foi vizinha do Fernando Botero, o grande pintor colombiano, cujo estilo único é chamado de “boterismo”, e consiste em dar volume às figuras. Elas são desproporcionadas se a compararmos com pessoas e objetos reais, mas têm simetria entre elas. Todos os personagens dos quadros são obesos, mulheres, homens, crianças e até os animais, gatos, cavalos e outros.
Pois bem, naquela época o artista era um iniciante. Um dia, falando com Botero na porta da casa, ela comentou que naquela semana era o seu aniversário. Ele, muito generoso, disse que a presentearia com um quadro. Minha aluna, que não gostava dos quadros do novato, desculpou-se alegando que não tinha espaço na sala para colocar o quadro. Botero retrucou que podia colocar em qualquer lugar da casa, mas ela se justificou que tinha falta de espaço e que sua mãe estava pensando em reformar a casa.
– Como eu sou burra! – disse ao terminar a história. Se eu tivesse aceitado esse quadro a que preço poderia vendê-lo agora que ele é famoso?
Essa lição é muito interessante. Nunca sabemos quando um artista triunfará ou desistirá, ficará famoso ou cairá no esquecimento. Aprendemos uma lição: nunca desprezar a obra de um iniciante, com o tempo ele pode ser um novo Botero.
Isabel Furini é escritora e palestrante. Autora de “O Livro do Escritor” da editora Instituto Memória. Contato:(412) 8813-9276, e-mail: isabelfurini@hotmail.com
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Premio de Literatura UFF 2011
A festa do Prêmio UFF (Universidade Federal Fluminense) deste ano foi realizada no Teatro Municipal de Niterói. Na cerimônia de premiação, além da entrega de certificados e representação teatral dos primeiros lugares de poesia, conto e crônica, foi lançado o livro "Prêmio UFF de Literatura 2011 - Antologia de textos premiados - Poesia, Conto e Crônica", organizado pela professora Sônia Peçanha.
O tema foi do concurso foi "Viagem à Itália", e esclareço que fui honrada com o terceiro lugar na categoria Poesia. Meu poema premiado "Vinhedo" honra a memória de minha avó Maria Assunta.
Ana Paula Campos, da Assessoria de Comunicação e Eventos da Editora da UFF, informou que: "Nesta quinta edição, o Prêmio UFF de Literatura teve dupla comemoração: além de integrar os festejos pelo aniversário da Universidade Federal Fluminense, uniu-se à programação do momento Itália-Brasil, promovido por conta dos 150 anos da unificação italiana e dos 65 da proclamação da República naquele país. O evento contou com o patrocínio da Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, da Fundação Euclides da Cunha, da Pró-Reitoria de Extensão da UFF, da Comunità Italiana e da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura".
Os ganhadores foram:
Categoria Poesia: Eduardo de Paula Nascimento, de Franca, São Paulo, Carlos Alberto Pessoa Rosa, de Atibaia, em segundo lugar, e Isabel Furini, de Curitiba, em terceiro.
Categoria crônicas: Nilson Lattari, de Juiz de Fora, ficou em primeiro lugar, Afonso Caramano, morador de Jaú, São Paulo, em segundo, e Sérgio Bernardo, de Nova Friburgo, em terceiro.
Categoria conto: Newton Novaes Barra Filho, de Maricá, Henrique José da Silva Bon, de Nova Friburgo, segundo lugar, e Danielle Oliveira, de Mossoró, Rio Grande de Norte, em terceiro.
Todos autores selecionados ganharam livros. Na contracapa podemos ler as palavras do Reitor da Universidade Federal Fluminense, Roberto de Souza Salles:
"O Prêmio UFF de Literatura chega a sua quinta edição o que comprova que já conquistou um lugar no calendário dos eventos literários do país. Neste ano, ele faz parte da programação oficial do Momento Itália-Brasil, e o tema proposto foi "Viagem à Itália". Mais uma vez, poetas, cronistas e contistas se esmeraram na composição de textos inéditos, inspirados pelas belezas e pela riqueza histórica do país homenageado. "
Um fato marcante do evento foi a leitura teatralizada da poesia, da crônica e do conto vencedores,pelos aos atores Ana Moura, Ricardo Lyra Jr. e Melissa Prado, integrantes do Nepac (Núcleo de Ensino e Pesquisa de Artes Cênicas) da UFF, sob a direção de Leonardo Simões. Destaque para o jovem Ricardo Lyra Jr. que com espontaneidade realizou um trabalho excelente e divirtiu a plateia.
Fotografias: Divulgação/Ronaldo Coelho.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Cláudia Vanessa Cipriano Martins
Cláudia Vanessa Cipriano Martins, de Portugal, ganhadora do 3º Concurso Poetizar o Mundo, já recebeu o troféu. Contente, ela enviou uma fotografia.
Parabéns poeta e que continue a lutar e a "poetizar".
1º Lugar: SILÊNCIO?
Nunca me calo,
nem mesmo de boca selada: a voz fala-se de dentro.
O silêncio
- de boca muda e ouvidos surdos –
é utopia!
Cláudia Vanessa Cipriano Martins - São Miguel – Açores - Portugal.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Entrevista na revista ZK 2.0 da Espanha
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