segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Na Mesa cabe o Mundo - Uma viagem por Paris

Nesta época, na qual é tão fácil publicar um livro, é difícil encontrar um bom livro de crônicas. Ou seja, um livro interessante e bem escrito. Por isso chama a atenção dos leitores o lançamento de Evandro Barreto, [b]Na Mesa Cabe o Mundo – De Paris ao bar da esquina,[/b] o gosto que a vida tem (Conexão Paris Editora, 2013, 134 p). O autor conseguiu imprimir um ritmo excelente às crônicas. Não é preciso esforço para realizar a leitura da obra – e isso é um trunfo para qualquer cronista.

Já o escritor americano Ernest Hemingway eternizou essa fascinação que a cidade de Paris desperta nas pessoas com o livro "Paris é uma festa", e Barreto, com um espírito mais prático, nos mostra a Paris da gastronomia requintada e até compartilha endereços para que os leitores viajantes possam conhecer esses locais.

A obra foi escrita de maneira estratégica, pois o autor desperta a curiosidade dos leitores falando de Paris, de gastronomia, de vinho, e até dando um pulinho na Inglaterra para informar em uma crônica que até Sherlock Holmes comia lá.

Vejamos um fragmento: "(...) Simpson’s-in-the-Strand. Integrado ao Hotel Savoy, de Londres, o Simpson’s existe desde 1828 e serve o roastbeef mais famoso do mundo, maturado por 28 dias e levado à sua mesa em carrinhos cobertos por grandes tampas de prata com mossas centenárias. O veículo é pilotado por um especialista no assunto, que parece trabalhar na casa desde a fundação".

Evandro Barreta dá uma pequena lista, para não cansar o leitor, de pessoas que passaram pelo local: "Segundo registros insuspeitos de Sir Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes era cliente assíduo".

As crônicas são ágeis e cativantes. Elas convidam à leitura. A linguagem é clara e o mérito de Barreto é não se deter demais nos assuntos. São textos de viagens e têm o movimento, a cor, o entusiasmo de uma viagem: "... antes de tomarmos na estação de Saint Pancras o trem que nos conduziria de volta a Paris em duas horas e poucos minutos, pelo Euro-tunnel." Podemos perceber nesses pequenos fragmentos que a escrita acompanha o ritmo das viagens. Lendo surge a sensação de estar visitando esses locais, seja pela primeira ou pela vigésima vez.

O viajante não é só o autor, mas também o leitor. Sim, o leitor é o convidado especial, ele contempla paisagens, saboreia bebidas, reconhece o sabor da boa gastronomia. "Meu caso de amor com os mexilhões começou na infância... Mais tarde vieram os mariscos da Catalunha". Barreto sabe cativar o leitor, fazê-lo viajar nas palavras. Acontece que ele é publicitário e conseguiu passar o dinamismo e o olhar atento dos profissionais da publicidade aos textos.

Se você está acostumado a viajar ou se está preparando a primeira viagem à Europa, esse livro é leitura obrigatória. E se quer visitar esses locais com a imaginação, o livro também proporciona referenciais, dados, pequenos detalhes que ajudam a fazer a viagem maravilhosa. E talvez o mais importante é que terminamos a leitura com aquele desejo de ler novamente algumas das crônicas. Como um bom vinho o sabor dos textos permanece na memória.

 "Na mesa cabe o mundo" tem um trabalho gráfico aparentemente simples, mas muito bem elaborado e revela a técnica usada no livro: simplicidade, detalhes eloquentes, enumerações precisas, enfim, um livro feito com muito cuidado para conquistar leitores. O livro pode ser adquirido no site:http://www.conexaoparis.com.br/produto/na-mesa-cabe-o-mundo

Isabel Furini é escritora e poeta premiada. Contato: isabelfurini@hotmail.com

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