sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Álbum Fotográfico


Trituradas as guelras do silêncio
sobre o velho álbum fotográfico.
O pai (morto há anos)
sobrevive nos retratos desbotados.

Revelam-se fisionomia e emoções.
Quantos olhares, quantos rostos
deixei submersos nos interstícios da memória,
quantos exílios na areia do passado
e exílios futuros projetados
no palco dos sonhos.

Genealogias, uivos e fumaça
despencam do álbum fotográfico
aberto sobre a mesa.

Observam-nos os mortos,
pousam nas fotografias como estacas de mutismo.
Amam-nos.
Esperam-nos (sedentos de carinho)
com os braços paralelos abertos
entre galáxias de culpa e de mistério.
Esperam-nos com os carinhosos braços
imensamente abertos.

Isabel Furini

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